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«Não há nada que nos dê mais prazer do que ver chegar uma senhora grávida»

Jó Andrade é o único homem especialista de saúde materna e obstetrícia na ULS da Guarda

É um homem entre mulheres. Quando se tornou enfermeiro, Jó Andrade, de 36 anos, não suspeitava o que o destino lhe reservava. Isto porque foi por “acaso” que seguiu a especialidade de saúde materna e obstetrícia, na qual se formou há sete anos: «Não foi um sonho que tive desde menino, mas a oportunidade surgiu e agarrei-a», confessa o enfermeiro da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda a O INTERIOR, adiantando que «havia vontade do hospital ter um enfermeiro parteiro há muitos anos».

O gosto veio depois e hoje não se imagina a fazer outra coisa. «Quero continuar, não me vejo noutro lado», adianta Jó Andrade, que está atualmente na área hospitalar, assegurando que, «mesmo que mude de ramo, será sempre nesta área, porque é algo que nos preenche». A alegria que marca o nascimento de cada novo rebento já o contagiou e, embora tenha perdido a conta aos bebés que viu nascer, o enfermeiro garante que a “magia” se mantém. «No princípio temos o cuidado de contar, mas com o passar do tempo perdemos o número», admite o parteiro. «Cada nascimento é único e uma festa porque para nós, que estamos ali todos os dias, não há nada que nos dê mais prazer do que ver chegar uma senhora grávida», sublinha, reiterando que «a azáfama e a felicidade de ter o filho nos braços leva a que o espírito de festa entre também em nós».

Por outro lado, o especialista de saúde materna e obstetrícia contacta de perto com uma realidade que não é a desejável, pois, «infelizmente, não temos tantos nascimentos como gostaríamos», lamenta. Sete anos depois, continua a ser o único enfermeiro no serviço de saúde materna e obstetrícia, na ULS da Guarda. «A enfermagem tem mais mulheres e nesta especialidade a diferença ainda é maior, mesmo a nível nacional», reconhece Jó Andrade, que se adaptou facilmente. «Já tinha alguma experiência em pediatria e foi só a adaptação às mães», evidencia. Mas ainda há quem estranhe encontrá-lo na obstetrícia: «Tenho tido episódios curiosos», conta o enfermeiro, acrescentando que, «esporadicamente, há mães que me dizem que ficaram um pouco de pé atrás no início, mas que ficam contentes porque correu tudo bem». No entanto, o guardense desvaloriza a menor percentagem de homens na especialidade, acreditando que «cada um tem as suas especificidades, independentemente de sermos homens ou mulheres».

Sara Quelhas O guardense é enfermeiro parteiro há sete anos

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