Arquivo

Não era greve nem casamento

Ao passar perto da Câmara da Guarda, na manhã do passado dia 9, vi carros de polícia, televisão e gente bem vestida, todos com porte domingueiro. Greve não era, pois não tinham cartazes com as reivindicações, casamento também não podia ser porque ali não era igreja nem local próprio.

Quis saber o que se estava a passar e disseram-me que era uma recepção com toda a valentia para a chegada do nosso primeiro-ministro. Eu fui à minha vida, mas espero que lhe tenham oferecido um almoço digestivo, uma sopinha de nabo com abóbora, uma morcelada frita com alhos e carne entremeada acompanhada com batata e couve do Mondego, mais um bom tinto cá do interior. Pouco tempo depois vi na televisão o motivo desta visita, pena é que não tivesse sido feita (…) apenas com gente geradora de riqueza, desde a mais modesta batata ao trabalho mais complexo que por cá se possa executar.

Quando será que os nossos governantes, independentemente da sua cor partidária, darão valor às pequenas e médias empresas, as quais deviam ser criadas e ajudadas urgentemente, pois fazem parte de uma nação que necessita de produzir. Não será com descontos nos impostos, mas sim ajudando-as a procurar o que se há-de produzir, onde se irá vender, como se transporta e como nos pagam. Por esse mundo fora temos embaixadas e consulados que se podem transformar em agentes comerciais desde que haja gente capaz de vender.

(…) Não é necessário inventar o que está inventado, basta copiar e melhorar, mas isto não invalida que os nossos inventores trabalhem. O primeiro-ministro disse que o nosso calçado e têxteis estão a progredir, pois bem, então façamos na Guarda, que está a poucos quilómetros da “Europa”, uma unidade fabril de “atacadores”. (…)

António do Nascimento, Guarda

Sobre o autor

Leave a Reply