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Na hora das directas

Saliências

O princípio da decisão entregue aos militantes é uma benesse para todos e permite uma luta ideológica acesa no seio do PS. O PS define-se e precisa de mais discussão quente, fogosa e militante. Artigos como o de Ana Gomes no Público trazem vantagem porque separamos águas. Eu estou com Sócrates e Ana Gomes com Alegre. Eu gosto que o PS não tenha o rosto de Ana Gomes. Assim estamos todos bem. A diplomata portuguesa em Timor deve ser das pessoas mais quentes na argumentação. A sua impulsividade só pode conduzir a momentos de intolerância e divisão. É bom que no PS possamos definir com quem faremos a jornada. Com Sócrates estão muitos oportunistas e membros das nossas vergonhas. Não esqueço o Narciso Miranda e outros e sei que não quero ir por ali. Sou pela definição dos caminhos, a clarificação dos fins políticos a atingir e não sou tão tolerante como poderia gostar.

Sócrates é uma linha condutora e define uma estratégia pessoal e de grupos. Estão com ele muitos, na esperança de prosseguirem os seus caminhos ínvios particulares, e muitas vezes de desígnios inconfessáveis. Mas não estão só esses. As salas estão cheias e não podem ser só aparelho e apaniguados. Isto é tudo verdade, mas também a força da escolha do voto directo dos militantes que autoriza Sócrates a escolhas e lhe dá legitimidade. Não acredito que Sócrates tenha prometido nada e o inverso também. Ele tem de ganhar as directas e usa a escada que lhe dão. Depois escolhe quem quer e fará o seu caminho.

As directas são uma americanização da nossa política e são a maior surpresa a que assisti no PS. Estão a ter efeito na inscrição dos militantes, estão a empurrar para o partido aqueles que já desistiam. È nas directas que eu posso intervir na militância e isso agrada-me muito. Estive com o Álvaro Beleza que foi quem primeiro o defendeu no PS. Continuo a estar com este princípio e agora testemunho a sua importância.

O que não gosto na política é da argumentação falaciosa. Dizia Ana Gomes que o PS teve a mais expressiva vitória eleitoral nas europeias. Sabe que não foram votar a maioria dos portugueses. Depois só sabe que não foi a maioria dos portugueses que esteve no referendo do aborto. É um modo de ler enviusado e cheio de sinuosidades que me atormenta. Há pessoas que só vêem com o olho esquerdo e esse é o modo como não gostava de ter o PS no poder. Também por isto prefiro o Sócrates.

Por: Diogo Cabrita

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