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Música de vanguarda

Festival “Ó da Guarda” começa segunda-feira com sessões de vídeo, concertos e um “workshop”

Misturas, colagens sonoras, “sound art”, muita improvisação e experimentalismo são os ingredientes de mais um Festival de Novas Músicas – “Ó da Guarda”, que arranca na próxima semana na cidade mais alta. Os convidados deste ano são Wadada Leo Smith, Ikue Mori, Rafael Toral e o projecto Z’EV, nomes em destaque nas novas correntes do circuito vanguardista internacional e que vão tocar no auditório municipal A oitava edição começa, no entanto, com três sessões de vídeo na Mediateca VIII Centenário e termina com uma acção de formação sobre música experimental orientada por Albrecht Loops.

Para abrir o apetite, a Mediateca exibe segunda, terça e quinta-feira dois documentários dedicados ao realizador de vídeos de música experimental Chris Cunningham (dia 12), ao músico e compositor John Zorn (dia 13) e alguns concertos havidos no “Mentrònom” – Semana Internacional de Música Experimental de Barcelona (dia 15). Os pratos fortes deste encontro pioneiro na área da música contemporânea vêm a seguir. A começar pelo concerto de Wadada Leo Smith e Ikue Mori no dia 16. O duo formado pelo trompetista e compositor norte-americano e a percussionista japonesa promete um espectáculo memorável no auditório municipal. Wadada Leo Smith é um dos músicos mais criativos dos últimos 30 anos do circuito vanguardista internacional, mas também um estudioso, tendo enveredado pelo free-jazz, música improvisada e electroacústica. Ikue Mori, por seu turno, fez parte da cena vanguardista de Nova Iorque de final dos anos 70. Baterista e percussionista de recursos técnicos imprevisíveis, tem dedicado a sua carreira à experimentação de novas linguagens musicais, tocando com John Zorn, Marc Ribot ou Arto Lindsay, entre outros.

O músico que se segue é o português Rafael Toral (dia 17). O guitarrista, ex-Pop del’Arte, Tina and the Top Ten e No Noise Reduction, tem um dos percursos mais reconhecidos internacionalmente. Também produtor e artista visual, iniciou uma carreira a solo como pesquisador sonoro experimental, tendo sido considerado pelo “Chicago Reader” como «um dos mais inovadores e talentosos guitarristas da década». Toral colaborou com inúmeros nomes importantes da cena musical internacional como Lee Ranaldo e Thurston Moore (do grupo rock Sonic Youth), Phil Niblock, John Zorn ou Jim O’Rourk. Para o fim fica Stefan Weisser (dia 18), mais conhecido pelo seu alter-ego artístico Z’EV. Trata-se de uma das figuras mais emblemáticas de sempre do panorama das artes performativas audiovisuais e de vanguarda. Percussionista, explorador de novas formas musicais, que resultam da mistura da cultura ancestral com as correntes industriais, electrónicas e Media-Art), Z’EV tem construído desde meados dos anos 70 uma carreira ímpar e colaborado com os principais músicos e grupos “avant-garde” dos anos 80, como Test Departmente, Einstüznede Neubauten, Coil ou Zoviet France. As suas actuações ao vivo são um misto imprevisível de performance, sound-art, multimédia e electrónica. As reservas e compra antecipada de bilhetes, que custam quatro euros por espectáculo, podem ser feitas na livraria municipal da Guarda.

Luis Martins

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