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Museu dos jogos e brinquedos tradicionais pode nascer na Guarda

Associação de Jogos Tradicionais da Guarda quer divulgar e proteger espólio de mais de duas mil peças

A Guarda pode acolher brevemente um museu dedicado aos jogos e brinquedos tradicionais. O projecto está a ser liderado pela Associação de Jogos Tradicionais (AJTG), que tem catalogado um espólio de mais de duas mil peças. «É uma ideia a concretizar a curto-médio prazo, com as vertentes expositiva, interactiva, lúdica e “ateliers” de construção. O processo está bem encaminhado, até já temos instalações definidas», revela Norberto Gonçalves, presidente da AJTG, sem querer adiantar o local.

O anúncio acontece numa altura em que a colectividade mais antiga do país nesta área tem patente, nas galerias do Paço da Cultura, uma exposição de cartazes, fotografias, brinquedos antigos e outros realizados por crianças e adultos, para além dos jogos tradicionais. Uma mostra volumosa, mas que não chega a representar metade do património da AJTG, cuja actividade começou em 1979. De então para cá, o espólio não tem parado de crescer: «Até já fomos contactados por pessoas que querem oferecer brinquedos e jogos», adianta o dirigente, que, com esta iniciativa, espera contribuir para divulgar ainda mais um passado que «já nem faz parte da memória visual das nossas crianças». De acordo com Norberto Gonçalves, o projecto deverá incluir reconstituições de jogos tradicionais, a produção em oficinas dos componentes usados e mesmo a possibilidade de os praticar virtualmente. «Queremos a genuinidade das coisas e não repetir as fórmulas dos museus que já existem em Seia e Sintra. Porque achamos que este projecto não tem lógica sem visitas guiadas, oficinas e “ateliers” para permitir às crianças e aos adultos jogarem e brincarem», acrescenta. Por outro lado, esta seria uma forma de resolver o problema da falta de materiais para os jogos tradicionais. «Já não há quem os faça e muitas vezes temos que ir ao Norte do país encomendá-los», refere.

Contudo, antes disso, a AJTG conta promover outra exposição com base no seu arquivo fotográfico, que contém mais de 1.500 imagens de actividades e jogos. Algumas das quais podem ver-se na mostra “Jogar a Tradição”, que está no Paço da Cultura até ao final do mês. E não é para menos, uma vez que se trata de várias exposições numa só. Pelas quatro salas estão distribuídos os trabalhos feitos por crianças do ensino básico e do segundo ciclo, no âmbito dos concursos “Os Brinquedos dos nossos Avós” e “Eu tenho um Pião”. Mas também o resultado de uma actividade desenvolvida nas escolas oficinas do IEFP da Guarda por 12 formandas. Por lá encontramos matrafonas, espantalhos, cavalos de pau, bonecas de folhelho de milho, andarilhos, bólides de Fórmula 1 feitos de molas de roupa e pioneses. Ou descobrir o que a imaginação de uma criança pode fazer com materiais aproveitados do lixo. Três alunos da escola de Santa Clara construíram um comboio, um avião e um helicóptero e ganharam o concurso “Os Brinquedos dos nossos Avós”. Os utentes da Cercig também foram desafiados e apresentaram uma cena de baile cheia de vida, com bonecos feitos de arame, carolos de milho, bocados de cortiça e de madeira. “Jogar a Tradição” propõe ainda um programa de animação com os grupos de cantares de Aldeia do Bispo (sábado) e “A Mensagem” (dia 17) para terminar com a Ronda do Jarmelo (dia 29). Na segunda-feira decorre um colóquio subordinado ao tema “Brincriançar” no auditório do Paço da Cultura. Participam especialistas como Pires Veiga, António Fontinha, João da Silva Amado e o brasileiro Tarcísio Mauro Vago.

Luis Martins

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