“Os Homens do Pão” é, para Sérgio Carvalho, director científico do espaço, a «grande» exposição temporária que o Museu do Pão inaugura hoje em Seia. Esta iniciativa decorre no âmbito das comemorações do primeiro aniversário do complexo, no dia 26, e permanecerá patente ao público até 15 de Dezembro. O espólio exposto conta com cerca de quatro dezenas de peças, em massa, com formas humanas e animais.
Recorde-se que a exposição pertence ao museu do Parque de la Villette (França), com quem a instituição senense tem «boas relações», refere o director científico. Apesar da grande maioria dos objectos ser francesa, outros países europeus, nomeadamente a Alemanha ou Suiça, também estão representados nesta exposição. A comissária da mostra, Christine Armengaud, vai estar presente na inauguração para explicar os objectivos do evento e a escolha de cada peça. Os moldes expostos são símbolos de tradição e história dos países de origem, caso de uma boneca de sete pernas para ser comida na semana do Natal. Como não podia deixar de ser, Portugal também está representado na exposição com peças produzidas no Museu do Pão através de catálogo. Pela sua raridade, «está fora de questão doá-las», explica Sérgio Carvalho, pois «“La Villette” tem um grande espólio e quase todo dedicado a França. Nós vamos mantê-las no museu, até porque seria muito doloroso destruí-las em Dezembro», refere. Contudo, esta exposição é de «carácter internacional» e já viajou de Paris para Marselha (França), Cagliari (Itália), Tel Aviv (Israel), Ulm (Alemanha). Depois de Seia partirá para Tóquio (Japão).
Como é «importante» para a «cidade, para o interior e até para Portugal», o evento ganhou o apoio logístico da Região Turismo da Serra da Estrela (RTSE) e o patrocínio institucional da Embaixada Francesa. Contudo, este é um dos muitos passos previstos pelos responsáveis do Museu do Pão para fazer daquele espaço um «centro cultural local». Segundo Sérgio Carvalho, o mês do primeiro aniversário vai ficar marcado pela tertúlia do actor Francisco Nicholson, no dia 27, mas também pelos saraus de música e poesia dedicada ao pão. De resto, autores como Guerra Junqueiro ou Pablo Neruda serão abordados nessa mesma noite. No dia seguinte, o Museu do Pão propõe a reconstituição de uma «já perdida e tradicional» desfolhada portuguesa, protagonizada pelo Rancho Folclórico de Vila Nova de Tazem. Ainda englobado nas comemorações está o lançamento do primeiro livro patrocinado pelo complexo museológico. Trata-se de “As palavras do Pão” e será apresentado em Cascais pela escritora Alice Vieira. A obra, da autoria de Sérgio Carvalho, relata provérbios e ditos populares sobre o alimento, acompanhados por cerca de 600 ilustrações. Por cá, os interessados em visitar a exposição “Os Homens do Pão”, assim como o resto do museu, apenas terão que pagar entre um a dois euros.
Liliana Machadinha
