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Museu do Côa para o mundo

Região de Vila Nova de Foz Côa espera ter uma segunda oportunidade de desenvolvimento com a abertura deste equipamento cultural

Tal como há 15 anos, a arte rupestre do Vale do Côa voltou a mobilizar multidões, mas desta vez para a inauguração do Museu do Côa. Anunciado em 1996, um ano depois da descoberta das gravuras, o equipamento abriu finalmente na passada sexta-feira. A região de Vila Nova de Foz Côa espera ter agora uma segunda oportunidade de desenvolvimento.

O primeiro-ministro, duas ministras, dois secretários de Estado, deputados e dezenas de antigos e actuais autarcas e dirigentes da administração pública deram ao acto a solenidade que se impunha passada esta década e meia. Após visitar o espaço, José Sócrates não regateou elogios. «É um museu bonito, sofisticado, moderno e feito com bom gosto», começou por dizer, considerando que a sua construção é «a gravura que nós deixamos às futuras gerações». E acrescentou que está «à altura daquilo que todos esperamos dele: um museu capaz de atrair públicos» e que não serve apenas para os especialistas. «O Museu do Côa vai ser um ícone para Foz Côa e o Douro», sublinhou o primeiro-ministro, que evocou depois as obras do IP2, do IC5 e a construção de barragens para afirmar que este «é um dos maiores períodos de investimento público como não há memória nos últimos 50 anos» na região.

E por falar em obras, José Sócrates desafiou a autarquia a fazer, «e já, a estradinha até ao Douro» para que os turistas que sobem o rio possam visitar o museu. «Precisamos muito desses visitantes», disse, prometendo que o Governo apoiará a Câmara nos investimentos que valorizem «a nossa opção pelo património arqueológico do Vale do Côa». Isto, a propósito dos pedidos de Gustavo Duarte. Na sua intervenção, o presidente do município elencou alguns projectos que «podem e devem» complementar o novel equipamento. Além do IP2, cuja construção agradeceu ao chefe do Governo, o autarca considerou prioritário o IC34 até à fronteira espanhola: «Esta via, cuja classificação tem que ser reposta, requer apenas 12 a 15 quilómetros de traçado e a sua construção encurtará em cerca de 90 quilómetros a distância entre Foz Côa e Salamanca», declarou.

Gustavo Duarte defendeu ainda a reabertura da ferrovia entre o Pocinho e Barca d’Alva e a concretização do parque temático sobre o Paleolítico e a História do Homem. «Seria um precioso complemento do museu, na medida em que iria ao encontro de outro público», disse, recordando que o ante-projecto tinha sido aprovado pelo Procôa. A finalizar, o edil fozcoense sublinhou que a região deposita no museu «as maiores expectativas» de desenvolvimento. «É uma verdadeira alavanca para a retoma da esperança de uma população que no seu dia-a-dia não tem encontrado motivos que a animem», declarou.

Optimista está a ministra da Cultura, para quem já é «verdadeiramente importante ver surgir uma estrutura destas numa região onde se morre mais do que se nasce». Gabriela Canavilhas esclareceu tratar-se de um museu de arte «virado para a contemporaneidade e o futuro», que será também «a âncora de desenvolvimento» desta região assente na cultura, no turismo e no ambiente.

«O museu e a sua envolvente podem ser catalizadores de sinergias como o Douro Vinhateiro, as Aldeias Históricas, o Parque Natural do Douro Internacional e o parque arqueológico de Siega Verde, do outro lado da fronteira, que será um dos nossos parceiros estratégicos na afirmação deste projecto», admitiu. A governante confessou ainda algum deslumbramento pelo projecto, que considerou «um equipamento sofisticado, de grande beleza arquitectónica e maravilhosamente integrado na paisagem». Gabriela Canavilhas lembrou igualmente que foi «uma obra pública exemplar, conseguida sem qualquer derrapagem financeira e desenvolvida numa conjuntura difícil», mas também não esqueceu que foi «graças a uma estratégia concertada dos Governos socialistas» que as gravuras foram preservadas. «O património do Vale do Côa precisava deste núcleo interpretativo e museológico para se lançar para o mundo», sublinhou.

Luis Martins Sócrates considera que Museu do Côa não é apenas para especialistas

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