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Museu do Côa em concurso público internacional

Propostas de arquitectura para uma obra orçada em 30 milhões de euros deverão ser entregues até 18 de Março

O Instituto Português de Arqueologia (IPA) lançou finalmente o concurso público internacional para a criação do Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, obra orçada em 30 milhões de euros. O anúncio foi feito quinta-feira pelo presidente do IPA, Fernando Real, que adiantou que o programa de requisitos do concurso está disponível desde sexta- feira na Ordem dos Arquitectos e delegações para ser consultado pelos profissionais. As propostas devem ser apresentadas até 18 de Março.

A obra, que deverá estar concluída em Outubro de 2007, é considerada por aquele responsável como «uma das mais importantes da área da cultura no país, mas em particular para o desenvolvimento económico de uma zona deprimida de Portugal, com o incremento do turismo». Este concurso engloba o museu, os arranjos exteriores, museografia e tratamento da paisagem envolvente, num total de seis mil metros quadrados. O empreendimento terá uma comparticipação de 60 por cento em apoios comunitários, estando prevista para breve a sua publicitação nos jornais portugueses, no JOCE – órgão oficial da Comunidade Europeia – e no “Diário da República”, o que, segundo o IPA, deverá acontecer ainda este mês. A obra terá comparticipações financeiras do Programa Operacional da Cultura (POC) e da Acção Integrada de Base Territorial do Côa, que abrange as questões ambientais ligadas ao projecto. O projecto cobre as valências de arquitectura, arquitectura paisagística, engenharias, museologia e ainda o planeamento bio-climático, de optimização e eficiência energética. O futuro museu deverá ainda englobar os serviços administrativos do Parque Arqueológico do Vale do Côa, criado em 1996.

Após o 18 de Março, o júri do concurso terá três meses para eleger os três melhores projectos, que irão receber de imediato prémios pecuniários no valor de 25 mil, 18 mil e 10 mil euros, e ainda duas menções honrosas no valor de 3.500 euros cada. O primeiro classificado terá a prioridade de negociação para a criação do projecto, mas se as partes não entrarem em acordo para o efeito, serão abordados os eleitos seguintes, esclareceu Fernando Real, em declarações à agência Lusa. O concurso foi organizado pela Ordem dos Arquitectos, com a colaboração do IPA e do Instituto Português de Museus, mas o projecto terá ainda o envolvimento da Câmara de Vila Nova de Foz Côa. Com a criação do museu, o Ministério da Cultura espera dar «maior expressão pública» a duas áreas classificadas pela UNESCO como Património da Humanidade: as gravuras rupestres – o conjunto constitui o mais importante exemplar de arte gravada paleolítica ao ar livre em todo mundo – e o Douro Vinhateiro.

O projecto do museu já tinha sido delineado pelo Governo de António Guterres, mas o actual alterou a sua localização da Canada do Inferno para a confluência dos rios Côa e Douro, junto ao sítio da Vermelhosa, por considerar que o anterior era sobredimensionado (teria a maior área coberta de todos os museus portugueses), mal localizado, de fracas acessibilidades e implicaria custos de manutenção muito elevados.

O actual Governo tinha declarado em Julho último a utilidade pública e a urgência das expropriações dos terrenos necessários à realização do Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa. Para o ministro da Cultura, Pedro Roseta, este empreendimento é de «interesse nacional», mas a sua execução é complexa, sublinhando que os fundos comunitários para a obra não estão em causa: «O que importa no III QCA é que as obras estejam contratadas até 31 de Dezembro de 2006 – a obra em si pode estender-se até 2008 -, mas esperamos não ir tão longe», disse então a “O Interior” (ver edição de 31 de Julho).

Luis Martins

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