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Museu de Tecelagem nos Meios abre ao público

No âmbito da Festa da Transumância decorre uma arruada com rebanhos pelas principais ruas da Guarda

A antiga fábrica de cobertores de papa na aldeia de Meios, concelho da Guarda, comprada pelo Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) e cedida posteriormente à autarquia, vai finalmente abrir as portas como um espaço museológico e uma escola de formação. O primeiro Museu de Tecelagem da região vai ser inaugurado no domingo, pelas 15 horas, integrado no Festival Cultural Popular de Fernão Joanes, que decorre durante o fim-de-semana.

Com o novo espaço museológico aberto vai ser possível assistir às várias fases da “construção” de um cobertor de papa ou manta de retalhos. «O Museu já reúne todas as condições há quase três meses, mas tem outro significado ao ser inaugurado durante a Festa da Transumância, pois estão intimamente ligados», justifica Lurdes Saavedra, vereadora responsável pelo pelouro do Turismo e do Ambiente da autarquia guardense. Trata-se de um museu vivo, com um tecelão em pleno exercício e inclui, também, uma escola de formação. «Não é para ser visitado, apenas, pelas peças museológicas, mas pela actividade em si», sustenta a responsável. Como se trata de um ofício realizado, especialmente, por pessoas já com alguma idade, «a formação vai ajudar a transmitir antigos saberes às novas gerações», acredita a vereadora. A antiga fábrica de tecelagem está equipada com uma área de recepção, onde se encontra a história da tecelagem e outros painéis informativos e ilustrativos sobre as actividades ligadas àquele sector. Noutro local situa-se a parte comercial, onde se pode tomar um café, bem como adquirir, ou simplesmente apreciar, alguns produtos regionais, como as mantas e artesanato. «Este espaço vai ficar ligado à loja “Coisas d’aqui”», revela. Na zona de produção encontram-se cinco teares originais que foram recuperados para utilização na produção artesanal dos tradicionais cobertores de papa, perpetuando assim a tradição. Sendo que quatro produzem mantas e cobertores de papa e um destina-se a mantas de retalhos. Aqui, será feita a demonstração da tecelagem ao vivo. Quanto à formação «provavelmente, não será feita dentro do Museu, mas passará por ali», adianta Lurdes Saavedra. Dividida em partes museológico e de fabrico e venda, a nova casa cultural do concelho da Guarda pretende ser «mais um equipamento de preservação etnográfica», realça.

De resto, representa um investimento de 200 mil euros, tendo sido comparticipado em 75 por cento pela Associação de Desenvolvimento Próraia, através do programa “Leader +”. O Museu vai funcionar todos os dias das 9h às 17h30. Recorde-se que o edifício é pertença do Instituto de Conservação da Natureza, que protocolou a cedência com a Câmara da Guarda, por 25 anos, para dar vida àquela que foi em tempos uma fábrica de lanifícios e que pertencia à família Dias de Almeida.

Arruada de rebanhos na Guarda

Uma arruada com cerca de 120 ovelhas vai percorrer as principais ruas da cidade mais alta do país, no sábado de manhã. É uma das novidades da sexta edição do Festival de Cultura Popular de Fernão Joanes. Também, pela primeira vez, a Festa da Transumância envolve a freguesia de Meios.

No primeiro dia, está prevista a realização de uma arruada na cidade, com ovelhas de pastores de Fernão Joanes, Meios e Corujeira. O rebanho vai ser acompanhado por dois pastores, um mais novo e outro mais experiente, «para demonstrar que as gerações mais novas devem ajudar a preservar o nosso património», explica Lurdes Saavedra. Chegam à rotunda do “G”, por volta das 9 horas, seguem pela Avenida Rainha D. Amélia, Rua Batalha Reis, Rua Alves Roçadas, Rua do Comércio até à Praça Velha. Ali, serão feitas demonstrações de artes e ofícios ligados à pastorícia, como a feitura do queijo, requeijão, tosquias e desenho das ovelhas, enramar e apernar as ovelhas, as choças de palha, as chavelhas ou os chocalhos. À tarde, já em Fernão Joanes, depois de um piquenique, será inaugurado o Forno Comunitário, com a demonstração de fabrico artesanal e prova do pão. À noite, o grupo de música tradicional portuguesa Brigada Victor Jara anima a praça local. Uma homenagem aos pastores transumantes, a inauguração do Museu de tecelagem da freguesia dos Meios e um colóquio sobre “A Transumância – Rotas e o Património Associado”, preenchem o programa do segundo dia. A festa termina no parque de Merendas dos Meios com a actuação do grupo de Música Tradicional Portuguesa Andarilhos, às 21h30. A Festa da Transumância “Cruzando Memórias Tecendo Culturas” é organizada pela Associação Cultural e Recreativa de Fernão Joanes, com o objectivo de divulgar as tradições ligadas à pastorícia.

Patrícia Correia

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