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Museu de Alvoco “on-line”

Arte sacra renascentista da Escola de Coimbra e de João de Ruão pode ser visitada em www.museualvocodaserra.com

O primeiro museu de arte sacra da Diocese da Guarda está “on-line” desde a semana passada. A porta para os verdadeiros tesouros religiosos de Alvoco da Serra, no concelho de Seia, abre-se em www.museualvocodaserra.com, onde se podem encontrar obras muito raras do período renascentista da Escola de Coimbra e de João de Ruão, entre muitas outras.

Em destaque está o magistral sacrário esculpido por João de Ruão (séc. XVI). O grande “ex-libris” do museu mede cerca de 1,70 metros e integrava o retábulo da primitiva igreja de Alvoco, cujos componentes estavam dispersos por vários lugares da aldeia. Mas há mais motivos de visita, como as esculturas de Nossa Senhora do Rosário (séc. XV), padroeira da freguesia, atribuída à oficina de João Afonso, um dos grandes mestres da Escola de Coimbra, S. Pedro, Santa Engrácia e de Santo António, todas em pedra de Ançã. Ou uma outra escultura da Renascença, representando o Espírito Santo (séc. XVI), também da Escola de Coimbra, entre outras peças dignas de registo. Este património valiosíssimo foi reunido por Fernando Moura, docente universitário aposentado há 13 anos, natural de Alvoco, que continua deslumbrado com aquilo que considera um «milagre» e que os interessados também podem ver na capela de Santo António enquanto decorrerem as obras da capela de São Pedro, futura sede do museu. Um projecto oneroso e para o qual todos os contributos são bem vindos, como se pode ler no site. «O nosso pároco emitirá o recibo correspondente para dedução no IRS», esclarece-se.

O espólio de Alvoco da Serra impressionou Dalila Rodrigues, actual directora do Museu de Arte Antiga, em Lisboa, que esteve na aldeia há quase dois anos para verificar a qualidade das obras. A ex-responsável pelo Museu Grão Vasco de Viseu veio a pedido do presidente do Instituto Português de Museus, a quem Fernando Moura enviou um dossier sobre o projecto, e validou o que viu. De acordo com o promotor, a presença de património tão valioso numa aldeia recôndita da Serra da Estrela fica a dever-se, alegadamente, ao facto de Alvoco ter sido uma comenda dos Condes de Redondo, um dos quais terá sido um grande protector das artes. «É um legado que recebemos gratuitamente, pelo que a menor das nossas obrigações é transmiti-lo às novas gerações», explica Fernando Moura.

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