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Museu da Guarda entre os menos visitados

Menos turistas, menos interessados e menos exposições são algumas das causas apontadas

Os museus do Instituto Português de Museus (IPM) começaram a inverter a tendência negativa que vinha a sentir-se há alguns anos, aumentando em cerca de nove mil visitantes no ano passado. No entanto, o Museu da Guarda continua a ser o menos visitado em termos nacionais.

O director do IPM, Bairrão Oleiro, reconhece que a sua exposição permanente precisa de ser revista.

Para o responsável, a situação não tem apenas a ver com o facto do museu estar no interior, numa região que tem sofrido com a desertificação, mas com a falta de um programa contínuo de exposições temporárias que atraia as pessoas. «O IPM não tem feito no Museu da Guarda grandes investimentos. A sua museografia precisa de ser repensada», admite Bairrão Oleiro, em declarações ao “Público”. Também a directora do Museu da Guarda comunga da mesma opinião. Por isso, tem insistido junto dos seus superiores hierárquicos para que se «reveja e aposte no programa museológico da Guarda, pois não podemos ter o mesmo discurso há 20 anos», refere. Dulce Helena Borges recorda que ainda há pouco tempo esteve reunida com a Ministra da Cultura e insistiu para que a tutela «apostasse em programas turísticos-culturais». Segundo a análise do IPM, entre 2003 e 2004, os museus perderam mais de 43 mil visitantes. A descida é ainda mais significativa se nos reportarmos à afluência de públicos nos últimos cinco anos – em 2001 e 2002, os museus públicos tiveram mais de um milhão de visitantes. «Trata-se de uma recuperação lenta, mas muito positiva», defende Bairrão Oleiro. O acréscimo de públicos – 927.389 visitantes nos 25 museus tutelados por este instituto do Ministério da Cultura, mais nove mil do que no ano passado – «é um sinal positivo».

Para Dulce Helena Borges, o estudo revela que «a diminuição de visitantes é uma questão global, que se tem verificado nos últimos anos em todos os museus». Considerando ser difícil analisar a estatística, a directora esforça-se para encontrar factores que tenham levado à diminuição de quase duas mil pessoas entre 2004 (6.402) e o ano passado (4.509). «O decréscimo de visitantes deve-se, provavelmente, à diminuição do público na cidade, onde há menos turistas e menos interessados», sugere. Além de que estes estudos podem ser susceptíveis de «algum desfasamento» entre a contagem e a realidade. Seja como for, a responsável pelo Museu da Guarda concorda com o presidente do IPM quando diz que a museografia local precisa de ser repensada. «Mas isso é o que ando a pedir há muitos anos aos meus superiores, mas não há dinheiro», refere. O caso da exposição suspensa in extremis no ano passado é o exemplo dessas dificuldades orçamentais. Mas também as obras de restauração do museu, que começaram, mas ainda não terminaram. Para a directora, as temáticas locais e regionais são as preferidas de quem visita o museu, «porque se identificam com aquela referência cultural». No entanto, nota-se uma «inversão dos consumos» e se antigamente as pessoas visitavam exposições, como referência da sua identidade, agora, optam por visitar o património arquitectónico, também graças ao investimento feito pelo IPPAR, constata Dulce Helena Borges.

Patrícia Correia

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