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Municípios amortizam dívidas com compensação de 19,5 milhões de euros pela saída da Covilhã

A Águas do Zêzere e Côa (AdZC) desapareceu e com ela parte das dívidas dos municípios ao extinto sistema multimunicipal criado em 2000. Na terça-feira, foi assinado um memorando de entendimento com a Águas de Portugal que prevê uma compensação pela saída da Câmara da Covilhã do sistema, em outubro de 2010.

Na prática, os restantes municípios que permaneceram na AdZC terão agora direito a cerca de 19,5 milhões de euros, montante que vão repartir no abatimento das suas dívidas ao sistema. «É um acordo muito importante, que diminui o stock de dívida das Câmaras», afirmou o presidente da Câmara da Guarda. Álvaro Amaro adiantou que os valores vão agora ser acertados com a empresa, enquanto Paulo Fernandes, edil do Fundão, disse tratar-se de «um excelente acordo para entrarmos nesse novo modelo que a fusão dos sistemas permite». Por sua vez, o presidente da Câmara de Manteigas e da Associação de Municípios da Cova da Beira (AMCB) sublinhou que esta compensação «é mais que justa». Segundo José Manuel Biscaia, «as autarquias foram obrigadas a aumentar as suas tarifas no saneamento porque um despacho governamental autorizou a saída da Covilhã, o que desequilibrou o sistema em termos económicos».

Quanto à Águas de Lisboa e Vale do Tejo, os três autarcas partilham a satisfação pelo modelo encontrado para diminuir as tarifas. «Esta medida vem beneficiar todo o interior e os municípios mais pequenos», considerou o edil manteiguense. O também presidente da AMCB anunciou entretanto que a associação vai vender a sua participação na nova empresa. «Não somos consumidores, nem clientes, estávamos apenas por causa de eventuais dividendos. Mas neste momento já não se justifica a continuidade da Associação de Municípios da Cova da Beira no capital social da Águas de Lisboa e Vale do Tejo», declarou José Manuel Biscaia, segundo o qual «algumas Câmaras» poderão seguir o mesmo caminho porque «precisam de dinheiro».

«Não quero apenas uma placa bonita na Guarda. Sabe-me bem melhor que possamos dar expressão ao conteúdo da placa», afirma Álvaro Amaro

Nesta primeira Assembleia-Geral (AG) foi apresentado o plano estratégico da empresa para o biénio 2015-2017, documentos que parecem ter agradado a Álvaro Amaro. «Temos um enorme desafio de uma grande empresa que todos desejamos que seja uma boa empresa», começou por dizer o presidente do município guardense, para quem esta é uma «reforma muito corajosa». Álvaro Amaro confessou-se ainda «duplamente satisfeito» por a sede da Águas de Lisboa e Vale do Tejo ficar na Guarda, mas também por ter sido eleito para a presidência da AG. «Serve mais de 3,7 milhões de pessoas e eu não quero apenas uma placa bonita na Guarda. Sabe-me bem melhor que possamos dar expressão ao conteúdo da placa», acrescentou.

Já quanto à AG disse esperar que a próxima seja mais participada: «Esta foi convocada pelo decreto-lei para as 13 horas. Faltaram os autarcas, mas esteve a grande maioria do capital social da empresa, por isso houve mais do que quórum, as decisões foram tomadas e agora vamos trabalhar», afirmou.

Quanto à contestação dos autarcas de Lisboa, Álvaro Amaro disse respeitar os protestos mas respondeu com uma pergunta: «Há algum sentido de justiça em Portugal que os municípios do interior paguem o dobro da tarifa de água que se paga nas áreas metropolitanas?», retorquiu. O edil da Guarda espera agora que a prometida harmonização tarifária possa chegar aos munícipes «não amanhã, mas com certeza que nos próximos cinco anos haverá condições para se fazer essa redução». Já o presidente da Câmara do Fundão disse acreditar que «temos finalmente um modelo que fará muito pela coesão e pela equidade, nomeadamente no custo de um bem tão fundamental como a água». Paulo Fernandes recordou que até aqui havia «uma disparidade gigantesca» de preços entre os municípios do litoral e os do interior e acrescentou que a nova empresa deverá continuar a apostar na redução das perdas em alta e a fazer «os investimentos necessários para que os municípios deixem de pagar a água da chuva no saneamento».

Ao contrário de Álvaro Amaro, o edil fundanense considerou que a redução das tarifas nos consumidores finais pode acontecer «já na próxima fatura, creio que o tarifário entra em vigor de imediato». Relativamente à Aquália, concessionária do abastecimento de água no Fundão, «mantém-se tudo igual. A empresa pagará a água exatamente ao preço que o município a pagar», adiantou.

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