Já começou o julgamento da mulher que está acusada de matar o filho de 11 anos. O crime aconteceu na casa da família na Catraia do Sortelhão, lugar da freguesia de Santana de Azinha (Guarda), em setembro de 2017.
Na primeira sessão, realizada no passado dia 20 no Tribunal da Guarda, Ilda Gonçalves confessou o crime dizendo que o fez para proteger o menino e porque «ouvia vozes». «Estava na minha cabeça fazer isso», disse a arguida, indicando que todos os factos que constam da acusação «são verdadeiros». Desempregada desde o fecho da Delphi, a mulher de 47 anos sofria de depressão asfixiou o filho com um cachecol, tomando comprimidos para também colocar termo à própria vida. Segundo a acusação, posteriormente ao crime enviou uma mensagem à madrinha do menino, que naquele dia o levaria para a escola, a informar que ele não iria, deitando-se posteriormente na cama, onde esteve até às 16h30, quando o marido entrou em casa e encontrou o filho morto. A acusação considera que a arguida «agiu de forma deliberada e consciente». Ao tribunal, Ilda Gonçalves admitiu que andava há dois anos a pensar em matar-se e em «levar» o filho com ela.
Quando o juiz lhe perguntou porquê, respondeu que estava na sua cabeça «fazer isso», assumindo que sofria de depressão e que não andava a ser medicada. O filho «não se queixava dos colegas nem da escola», mas a mãe alegou que não queria que «gozassem» com ele, segundo o cenário que existia na sua cabeça. «Era tudo na minha cabeça. Ouvia vozes para acabar com a minha vida e com a vida do meu filho», declarou.
Nesta sessão foi ouvida por videoconferência a médica psiquiatra Ana Brito, que elaborou o relatório que consta dos autos. A testemunha afirmou que, no dia do homicídio, a arguida podia ter sintomatologia depressiva, mas era «capaz de decidir entre matar o filho e não matar». Já Andreia Alves, outra testemunha, afirmou que a vítima, de quem era prima e madrinha, «era uma criança espetacular, de sorriso tímido e envergonhado». No seu depoimento referiu que o menino «era feliz» e «nunca se queixou» da escola nem de se ser maltratado em casa, referindo que a mãe «era muito protetora». Em prisão preventiva desde outubro de 2017 após detenção pela PJ, Ilda Gonçalves está acusada de um crime de homicídio qualificado.