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Movimento de empresários contra portagens

Contestação pode subir de tom nos distritos da Guarda e Castelo Branco em nome da «subsistência do interior»

Um grupo de empresários dos distritos de Castelo Branco e Guarda fundou um movimento de luta contra as portagens nas SCUT da Beira Interior.

Os fundadores, entre eles Luís Veiga (do grupo IMB Hotels), colocam em causa «a moralidade jurídica» da decisão do Governo de portajar vias (A23 e A25) que até aqui não tinham custos para o utilizador. Os autodenominados “Empresários pela subsistência do Interior” temem «os efeitos negativos» que esta medida terá numa região onde o Produto Interno Bruto (PIB), por habitante, é inferior à média nacional. Além disso, alertam para o facto do futuro das empresas ficar cada vez mais incerto, sobretudo para quem trabalha no ramo da exportação. Alguns dos dinamizadores deste movimento já começaram a fazer contas aos custos anuais que terão com as portagens e que resultarão em «mais 120 mil ou 35 mil euros». Segundo estes empresários, existem vários factores que fazem com que a relação custo-benefício, da inclusão de portagens, seja pouco favorável. «Pode haver maior número de acidentes pela utilização exaustiva de pequenos troços de itinerários complementares ou principais e não existem alternativas ferroviárias (nomeadamente entre Covilhã e Guarda)», lembra o movimento.

Os contestatários chegam mesmo a recear que este custo acrescido no orçamento dos portugueses possa levar à extinção de empresas e, consequentemente, de postos de trabalho. Além do mais, prevêem ainda um cenário pouco animador para a agricultura da região: «Haverá uma impossibilidade de reflectir este aumento de custos no preço final dos produtos, o que constitui uma forma rápida de acabar com agricultura e agro-indústria regional, com destaque para os produtores de leite, que já se encontram numa situação de ruptura», avisam. O turismo será outras das áreas que vai sofrer com as portagens, segundo os dinamizadores deste movimento. Luís Veiga refere que, por estarmos numa região de fronteira, os grupos hoteleiros «vão enfrentar uma perda inicial de 25 por cento de dormidas de espanhóis, um número difícil de ser substituído pelo mercado nacional na conjuntura actual, que será agravada se o condutor tiver de pagar 25 euros por cada viagem entre Torres Novas e Covilhã, na A23».

O movimento tem encontro marcado para hoje, na Covilhã, onde se espera que novas empresas se aliem a esta luta contra as portagens e sem políticos. A Associação Empresarial da Região da Guarda não foi contactada aquando da criação deste movimento. Apesar disso, o seu presidente refere que o NERGA «concorda com todas as iniciativas que sejam favoráveis à eliminação de portagens nas SCUT por uma questão de ética e justiça». Pedro Tavares acredita, contudo, que a luta pela eliminação total das portagens é «inglória e impossível», defendendo que o caminho passa antes por tentar que esses valores que o utilizador terá de pagar sejam «mais baixos e mais justos». Além disso, o responsável insiste que é premente saber junto do Governo qual será «o real preço das SCUT». «Isso ainda não foi dito e continuamos sem saber o valor real das portagens», alerta Pedro Tavares.

Catarina Pinto A23 e A25 são as SCUT que vão ter custos para o utilizador na região

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