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Motoristas de transportes rodoviários voltaram a fazer greve

Trabalhadores protestaram na semana passada contra o aumento do horário de trabalho e as reduções salariais

Cerca de um mês depois, alguns motoristas da Transdev e da Rodoviária da Beira Interior (RBI) voltaram a fazer greve na última quinta-feira, desta feita numa ação de protesto de âmbito nacional contra o aumento do horário de trabalho e as reduções salariais. Durante todo o dia, cerca de uma dezena de motoristas esteve reunida junto às oficinas do grupo Transdev, na Guarda-Gare, a dar conta do seu descontentamento.

O INTERIOR esteve presente no local e abordou alguns motoristas que só aceitaram falar na condição de não serem identificados. Um dos funcionários adiantou que alguns dos motivos para a greve foram a exigência de «salários dignos», contestando a «introdução de contratos de trabalho precários» e de «horas de disponibilidade com o objetivo de não pagar horas extraordinárias» por parte da empresa. Os motoristas em greve revelaram-se ainda «insatisfeitos e apreensivos com o futuro devido ao historial que a Transdev tem», remetendo mais informações para um folheto onde constavam as «razões da luta» dos trabalhadores do grupo que adquiriu a rede de autocarros da Joalto. Entre os motivos invocados, para além dos que os motoristas já tinham indicado, constam a «exigência da organização do trabalho, com distribuição das 40 horas por cinco dias consecutivos e fixar os dois dias de folga a todos os trabalhadores», a «negociação séria dos IRC’s, por defesa ao direito à negociação coletiva» e acabar com «a descriminação de trabalhadores das várias empresas do grupo Transdev».

Segundo Hélder Borges, do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), houve uma «adesão significativa» à greve de «cerca de 85 por cento» na Transdev e de «60 por cento na RBI». O dirigente sindical denunciou que a Transdev «mobilizou os motoristas dos urbanos, que foram trabalhar por terem contratos mais precários, para realizar os serviços dos expressos», uma vez que «a maior parte dos utentes dos urbanos têm passes sociais pagos no início do mês enquanto que os outros são pagos diretamente e é aí que a empresa vai buscar dinheiro». O sindicalista acusou ainda a empresa de ter recorrido a «serviços externos para assegurar os transportes dos passageiros dos expressos» e de «não se preocupar com a mobilidade das pessoas, mas sim com os lucros no final do ano», dando o exemplo de «aldeias do interior que não têm qualquer transporte com o final do ano letivo».

Por parte da Transdev, o diretor de exploração adiantou que, «num universo de 244 motoristas, aderiram à paralisação 27, 19 na Joalto e os restantes na RBI». Perante as críticas do sindicato, Luís Bispo argumentou que «usámos os motoristas que tínhamos disponíveis em função do serviço que tínhamos para tentar minimizar os transtornos aos passageiros».

Ricardo Cordeiro Números da adesão à greve divergem entre sindicato e empresas

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