Mais de três centenas de motards rumaram à Guarda no último sábado para participar na concentração comemorativa dos 25 anos do Moto Clube da capital de distrito. O encontro decorreu no Parque Urbano do Rio Diz, onde as duas rodas foram rainhas. Houve máquinas para todos os gostos, “bike show” e o inevitável “striptease”, tudo num ambiente descontraído.
Aproveitando a efeméride, a direção do Moto Clube homenageou o seu motard mais antigo, que já conta 84 anos. «Tenho mota desde 1951 e não tenho perdido uma concentração em Portugal e Espanha desde que são organizadas», refere Armando Dias, do Cubo (Guarda), declarando-se «o motard ibérico mais idoso». Mas a idade parece não ser um obstáculo a esta paixão pelas duas rodas. De resto, os autocolantes aplicados nas suas duas motas comprovam a sua itinerância e algum reconhecimento internacional. Ao volante de uma Harley Davidson de 1930 – «foi táxi no Porto durante 15 anos», conta – ou da Ural, marca russa, de 2004, dois sidecars, tem feito furor em Valladolid ou em Faro, duas das maiores concentrações da Península Ibérica. «Graças a mim, a Guarda é sempre falada por onde passo», revela, acrescentando que ainda não perdeu a esperança da cidade mais alta vir a ser o palco de uma grande concentração motard. «Colegas espanhóis e portugueses consideram que a Guarda tem uma localização ideal para atrair muita gente dos dois lados da fronteira», revela.
No entanto, ainda é preciso mudar algumas atitudes para isso acontecer. Armando Dias não gostou de saber que os sanitários junto ao semi-coberto foram fechados à meia-noite na sexta-feira. «É uma coisa que não se admite numa atividade com tanta gente. De resto, isso nunca aconteceu noutras concentrações. Dá a ideia de que não as querem por cá, esquecendo-se que os motards gastam algum dinheiro por onde passam», recorda. Polémica à parte, este motard assume que prefere as motas que andam menos, pois os modelos atuais são muito perigosas e a sua proveta idade também já não ajuda. «Andam muito e os meus colegas mais novos, às vezes, perdem-se um bocadinho na estrada e acontecem os acidentes. Em cada concentração, quando vou ao palco, digo sempre que sejam prudentes e que cumpram o Código da Estrada, até menos se possível, pois é preciso andar com consciência», recomenda Armando Dias.
Vítor Amaro, presidente do Moto Clube, considera que esta homenagem é merecida, uma vez que «o senhor Armando representa esta coletividade e a cidade há muitos anos onde quer que vá». Com 25 anos de existência, o moto clube guardense assume o convívio e o bom ambiente como palavras de ordem. «Isso é fundamental para cativar os motards da cidade, do distrito e de outros pontos do país a cujas concentrações nós vamos», considera o dirigente. Por isso, um dos objetivos desta direção, empossada há um ano, é voltar a organizar uma concentração «que deu nome à cidade», mas também passeios e encontros. «O problema é que a Guarda não tem infraestruturas para fazermos uma concentração invernal. O parque urbano é um local espetacular, mas tem o inconveniente de ser muito frio e ventoso», constata.
Outra finalidade é arranjar uma sede condigna: «Neste momento, a direção não cabe no local que temos. Por isso, criar um espaço de raiz seria um fator unificador dos motards da Guarda, onde há muitos, e até poderíamos ter mais sócios», considera Vítor Amaro. Atualmente, o Moto Clube conta com 125 sócios, mas «apenas 25 pagantes», disse, lamentando que tenha sido necessário recorrer às Câmaras de Pinhel e do Sabugal para cederem um palco, uma barraca e uma bancada. «É pena que a capital de distrito só tenha dado uma colaboração mínima para esta atividade», declarou.
Luis Martins