A Câmara da Guarda, o Instituto de Telecomunicações e os três operadores portugueses de telecomunicações móveis (Optimus, TMN e Vodafone) assinaram na semana passada um protocolo para a instalação, em vários locais do concelho, de equipamentos de monitorização remota que medirão as radiações electromagnéticas durante 24 horas. Apesar do receio generalizado sobre os efeitos negativos destas emissões, até ao momento, quando foram monotorizados 268 locais por todo o país, ainda nenhum ultrapassou os limites de segurança recomendados.
O Projecto monIT, desenvolvido pelo Instituto de Telecomunicações, com o apoio da Optimus, TMN e Vodafone, tem como objectivo disponibilizar ao público toda a informação relevante sobre os níveis de exposição a campos electromagnéticos, nomeadamente aqueles que são gerados pelas antenas de comunicações. O Estádio Municipal, as escolas Afonso de Albuquerque e EB 2,3 de Santa Clara, bem como as EB1 de Aldeia do Bispo e da Estação foram os locais situados perto de torres de telecomunicações recomendados pela autarquia para as medições. Para além dos resultados da monitorização sistemática em diversos locais do país e de informação técnica específica, o monIT disponibiliza, através do site www.lx.it.pt/monit, informação rigorosa e diversificada sobre a exposição às emissões electromagnéticas proveniente dos sistemas de comunicações móveis, usando uma linguagem acessível ao público em geral. Ciente das preocupações e da necessidade de fornecer uma informação rigorosa aos munícipes, a Câmara da Guarda colabora na instalação das infraestruturas necessárias à concretização desta iniciativa pioneira em Portugal.
Para além da ajuda na definição dos locais das medições e na instalação dos equipamentos, Esmeraldo Carvalhinho, vereador do Ambiente, realça a importância de informar a comunidade de que este processo está em curso e das pessoas poderem, de modo fácil, consultar o site para terem «a certeza de que não há problemas de radiação na Guarda». Aliás, com base nos resultados já apurados, o vereador garante que a população pode estar tranquila: «Sabemos que há aldeias à volta da Guarda onde houve inclusive alguns levantamentos populares devido à instalação de torres de telecomunicações. Mas, a partir de agora, ficamos conscientes de que afinal, e até ao momento, não trouxeram absolutamente perigo a ninguém», frisa. Luís Correia, líder do Projecto monIT, acrescenta que dos 268 locais já medidos no país «ainda não foi encontrado nenhum onde o nível de radiações exceda os limiares recomendados pelos organismos internacionais, nomeadamente a Organização Mundial de Saúde». O professor do Instituto Superior Técnico sublinha que o monIT destina-se a informar com uma «base credível e técnica», assim como a «sossegar» a população porque «quase na totalidade dos casos não há razões para as pessoas se preocuparem».
As cinco sondas instaladas no município da Guarda, que estão a medir em «contínuo» os níveis de radiação, vão manter-se durante um período de três meses. Apesar do projecto ser financiado pelos três operadores de telemóveis e poder levantar algumas questões sobre a autonomia dos resultados apresentados ao público, Luís Correia assegura que a equipa do monIT rege-se pela «independência e rigor». De resto, o projecto é financiado dessa forma «pela simples razão de que não conseguimos arranjar financiamento noutro lado», revela.
Ricardo Cordeiro
