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Moagem é «exemplo» de requalificação para o país

Cavaco Silva elogiou novo equipamento cultural do Fundão inaugurado no último sábado

Na sua primeira visita oficial enquanto Presidente da República à Beira Interior, Cavaco Silva teceu rasgados elogios ao edifício da “Moagem – Cidade do Engenho e das Artes”, novo equipamento cultural do Fundão inaugurado no último sábado. A requalificação da antiga fábrica de farinha, orçada em cerca de cinco milhões de euros, foi considerada um exemplo a «multiplicar» pelo país. Em época de prendas, Manuel Frexes pediu ao Presidente que intercedesse junto do Governo para que o protocolo para aquisição e recuperação do Cine-Teatro Gardunha, antiga sala de espectáculos da cidade, seja respeitado.

Quanto à Moagem propriamente dita, Cavaco Silva considerou tratar-se de um «equipamento cultural de grande qualidade com múltiplas valências», capaz de «dignificar» não apenas o Fundão, mas toda a Beira Interior, realçou. «Sentimos um cruzamento entre a memória do passado, a fábrica da farinha, e as tecnologias voltadas para o futuro, num espaço bem equipado com modernas tecnologias», disse. Na sua opinião, a antiga fábrica da Moagem é agora «devolvida à cidade através de uma obra notável de recuperação e de requalificação», criticando «a construção desordenada à volta das cidades» que se verifica um pouco por todo o país. Numa área em que as Câmaras têm «um papel decisivo» e tendo em conta que Portugal tem «problemas no ordenamento do território», o Presidente da República enalteceu o trabalho desenvolvido na Moagem como um «exemplo de requalificação urbana que gostaria de ver multiplicado no país», afirmou.

Referiu, por outro lado, que o edifício inaugurado é a a demonstração de, como através da cultura, «é possível fortalecer a base produtiva de um concelho». Nesse sentido, «os investimentos culturais são um contributo importante para o desenvolvimento do turismo, a projecção externa do concelho, a criação de empregos e para o combate à interioridade», destacou. Naturalmente satisfeito e orgulhoso com a Moagem estava Manuel Frexes. O autarca fundanense realçou a inauguração de «um magnífico espaço de polivalências culturais, educativas e sociais, resultante da transformação de um imóvel que se degradava a olhos vistos». Aproveitando a presença do Presidente da República, o edil solicitou a Cavaco Silva para interceder junto do Governo de modo a que o «protocolo, já assinado, para aquisição e recuperação daquele emblemático edifício que é o Cine-Teatro Gardunha seja respeitado». De acordo com Frexes, «desde o último governo PSD/CDS-PP que esse acordo prevê a divisão em partes iguais pelo Estado e autarquia das despesas de aquisição e recuperação, que superam os cinco milhões de euros». Como resposta, Cavaco Silva disse «aguardar pelos documentos» e depois pensará no que fazer.

As várias salas divididas em três pisos

O imóvel de três pisos, com 2.300 metros quadrados, divide-se em três blocos distintos, tendo sido adquirido pela autarquia fundanense em 2003 e construído a partir da recuperação dos antigos edifícios da “Empresa de Moagem do Fundão”, fundada em 1922 e que se manteve em laboração até ao final da década de 80. Produção de eventos e objectos artísticos, acolhimento de projectos externos, exposições de arte contemporânea, actividades pedagógicas, ateliers e cinema são algumas das propostas para desenvolver no espaço.

O edifício é composto por um “Auditório”, com capacidade para 165 pessoas, uma “Sala de Exposições de Arte Contemporânea”, um “Núcleo de Arqueologia Industrial”, um “Laboratório de Tecnologias Criativas”, um bar panorâmico denominado por “Lounge”, um “Estúdio” com lotação para 50 pessoas, um restaurante em torno da velha chaminé, uma loja de venda de produtos tradicionais do Fundão e, por último, um “Centro de Visitante”.

Ricardo Cordeiro

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