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Miragem

Bilhete Postal

Ter um sonho distante, uma ideia de sucesso, um ideal longe, a ilusão de um destino, é como Durão Barroso antes de ser primeiro-ministro, como o gato antes de ser fedorento, como o Portugal de Sócrates, sem desempregados, concorrendo com Silicon Valley, acrescento da MIT, carregado de empresas de alta tecnologia. A miragem é este espaço de ilusão que pode tornar-se realidade, ou não. Eu tenho uma simpatia especial por miragens, por utopias, e talvez isso me seja desfavorável. Por vezes aposto em ilusões e lá vou correndo, como aposto em amigos, como acredito em gente e, impetuosamente, me entrego. Há miragem de um crer comum, miragem de fazer um destino melhor, de nele transportar os que muito gostamos. Descobri recentemente que tenho este mau hábito de pensar com os amigos, ou com os que admiro, como se fossem parte do destino da miragem. É uma fixação colectiva que não compreendo, mas que me ocorre recorrentemente. Uma miragem no caminho é uma oportunidade, uma palavra de incentivo, uma expectativa. Não se podem fechar as portas às miragens, porque elas são desejo e, por isso, alegria, esperança e podem ser desilusão. Não penso como Buda, que encontrava no desejo o sofrimento, a miragem é um destino uma sede que se apaga.

Por: Diogo Cabrita

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