O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) denunciou na semana passada que no dia a seguir à inauguração do novo hospital de Seia, numa cerimónia presidida pela ministra da Saúde, foram «retiradas algumas camas» da unidade de cuidados continuados, situação que provocou a indignação dos profissionais de saúde.
Confrontada com o assunto, Ana Jorge garantiu desconhecer «totalmente» que a mobília tivesse sido retirada. Contudo, não se ficou por aí e utilizou uma expressão que está a provocar fortes críticas da oposição: «Custa-me acreditar que seja assim. Aquilo que se diz lá por Seia e pela Guarda muitas vezes não corresponde à verdade», afirmou, em Serradas, concelho de Penela, à margem da inauguração de uma unidade de cuidados continuados integrados. A governante salientou, no entanto, que o caso «terá de ser averiguado». Carlos Peixoto, cabeça-de-lista do PSD às legislativas, foi o primeiro político do distrito a tomar posição pública sobre o assunto, classificando a declaração da ministra de «infeliz» e constituir, ao mesmo tempo, «uma tripla incorrecção»: «Em primeiro, porque vem da boca de uma ministra que devia dar o exemplo do decoro, da humanidade e da correcção nas palavras. Em segundo, porque o que estava a dizer que era falso, era verdadeiro. As camas foram postas e tiradas dois dias depois». Por último, «os guardenses não são mentirosos», assegurou o advogado, que expressou a sua «palavra de indignação», bem como dos «restantes candidatos».
Também o Bloco de Esquerda já tomou posição, considerando que a cerimónia de inauguração «não passou de uma farsa pré-eleitoral», acusando a ministra de ter chamado «mentirosas às gentes da Guarda e de Seia». Sobre as declarações, o BE exige que Ana Jorge «desminta as afirmações reproduzidas pela imprensa ou que se retracte com um pedido formal de desculpas a toda a população de Seia e da Guarda». Do mesmo modo, reclama «explicações públicas» do presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda para «o apuramento rigoroso dos factos que deram origem à denúncia feita pelo SEP». Os bloquistas repudiam ainda «os métodos utilizados por membros do Governo numa febre inaugurações em período pré-eleitoral, configurando um estilo demagógico e terceiro-mundista».
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