Os mineiros da Panasqueira vão fazer greve a 29 e 30 de Abril para exigirem aumentos salariais. A decisão foi tomada em dois plenários realizados na passada segunda-feira depois da Beralt, proprietária do complexo, ter recusado essa proposta para este ano, adiantou o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira.
«A empresa deu o dito pelo não dito e retirou a proposta de 2,2 por cento de aumento salarial» e pretende também «alterar o modelo do prémio de produção», elevando o objectivo de 120 para 140 toneladas por mês, referiu José Maria Isidoro. Como cada tonelada vale cinco euros, «os trabalhadores podem perder 100 euros» por mês, acrescentou o delegado sindical, para quem este recuo «é incompreensível», uma vez que as Minas da Panasqueira estão «a viver uma situação económica e financeira bastante saudável». Já a administração da Beralt considera prioritário a manutenção dos 330 postos de trabalho e admitiu valorizar os prémios de produção, em vez de aumentar salários, «para que a empresa não tenha prejuízo». António Correa de Sá, administrador da empresa, desmente o cenário de situação económica saudável, afirmando que «o nosso principal cliente, a multinacional Osram, entrou em ‘lay-off’ e só trabalha três semanas por mês. E o principal consumidor de volfrâmio é o sector automóvel, onde a procura também tem diminuído».
Em consequência, os preços do minério «desceram 25 por cento nos últimos meses» e a Beralt «está no ponto de equilíbrio», sem certeza de escoar toda a produção. «Dissemos ao sindicato que é preferível fazer um sacrifício e não haver aumentos este ano para não pôr a empresa no vermelho, com o objectivo de manter os 330 postos de trabalho», pelo que foi retirada a proposta inicial de 2,2 por cento de aumentos, acrescentou o gestor. Por outro lado, lembrou que foi sugerida uma redução do objectivo de produção de 150 para 140 toneladas, numa altura em que a previsão para 2009 aponta para uma extracção média de 170 toneladas por mês, o que equivalerá a 150 euros de prémio. Contudo, António Correa de Sá admite a possibilidade de aumentos salariais ainda este ano, mas «caso as condições de mercado se alterem», sublinhou, avisando que «uma greve pode piorar as coisas» na Panasqueira.