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Mineiros da Panasqueira decidem dois dias de greve em Março

Trabalhadores estão descontentes com proposta de aumento de 14 euros

Os mineiros da Panasqueira vão entrar em greve a 14 e 28 de Março caso o aumento de 14 euros proposto pela administração da Beralt Tin & Wolfram se mantenha. A decisão foi tomada na semana passada em plenário de trabalhadores, mas poderá não ir avante se o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM)conseguir chegar a um novo acordo. Para tal, já solicitaram a intervenção do presidente do Conselho de Administração da empresa, Bryce Porter, para «ultrapassar o conflito laboral», salienta o sindicalista António Matias, argumentando que os trabalhadores «perderam a confiança» no director-geral Fernando Vitorino.

«Houve a promessa de que se a produção atingisse as 120/130 toneladas poderia haver aumentos. Os trabalhadores empenharam-se, fizeram sacrifícios e, afinal, fomos defraudados e enganados nas promessas», desabafa António Matias, que acusa Fernando Vitorino de «intransigência» e «má vontade» em aceitar o aumento de 35 euros reivindicado pelos mineiros. «O aumento de 14 euros não compensa a perca do poder de compra e é o mais baixo dos últimos anos», sustenta, lembrando os aumentos superiores a 25 euros mesmo em anos com níveis de produção pouco acima das 80 toneladas. Na sua opinião, e mesmo com a dívida de 1,7 milhões de euros da empresa, há neste momento todas as condições para pagar o aumento de 35 euros face às percentagens de minério extraído nos últimos meses, tendo-se conseguido em Janeiro o recorde de 165 toneladas. «Houve um lucro de 25 mil euros», contabiliza António Matias, que aponta ainda a subida do preço do volfrâmio no mercado e a entrada da Almonty LCC no complexo da Panasqueira como argumentos para esta exigência.

Fernando Vitorino refuta as críticas e os argumentos do STIM ao dizer que a «mina não tem possibilidades» para suportar o aumento salarial reclamado pelos trabalhadores, tendo em conta a grave crise pela qual passou há um ano. «Não há intransigência, mas a verdade é que estivemos há um ano para encerrar e durante o apoio de seis meses do Fundo de Garantia Salarial não conseguimos encontrar ainda um ponto de equilíbrio para amortizar a dívida», argumenta. E apesar de admitir o lucro em Janeiro e a existência de uma série de projectos «que estão no bom caminho, não se pode pensar que a panasqueira está salva», alerta o director geral da BTW, que irá enviar uma carta ao STIM e a todos os trabalhadores para explicar que o aumento exigido poderá «colocar em risco» a sobrevivência da mina. De resto, Fernando Vitorino acredita que os trabalhadores irão recuar na convocação dos dois dias de greve porque a Beralt Tin apresentou uma «boa proposta de 3,5 por cento de aumento, com a promessa voltarmos a reunir em Setembro para discutir novos aumentos».

Liliana Correia

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