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Merecemos Melhor?

Pouco temos a esperar do próximo presidente da república. Nenhum dos candidatos entusiasma e nenhum deles promete um golpe de asa que possa fazer a diferença. E logo agora, que precisávamos de um pouco de génio, ou ao menos de uma boa dose de imaginação talentosa. Queríamos soluções brilhantes para problemas graves, mas tivemos funcionários bisonhos a debitar banalidades. E ainda por cima feios, gordos, peludos, ossudos, encarquilhados, carecas, desproporcionados nas formas e irrelevantes nos conteúdos. E ignorantes. Precisávamos de Churchill, ou De Gaulle, mas vamos ter o Silva e os seus insuportáveis tiques. Ou outro quase tão mau como ele.

Isto não é escolha, é resignação. É por isso que circulam na Internet petições para votarmos “noutro qualquer” (que não Cavaco Silva). É por isso que outros se organizam para ridicularizar “isto” e votar criativamente. Por exemplo no Pato Donald. Ou noutra merda qualquer.

A sério agora. Acredita o leitor que alguma coisa boa pode resultar desta eleição? Vê que algum problema possa ser resolvido? Tem algum incentivo, para além da velha militância partidária, para sair de casa no domingo e escolher o próximo cabeça-de-abóbora?

Se tem as mesmas dúvidas que eu tenho, então chegou o momento de imaginar o sistema político em que gostaria de viver e de identificar neste que temos aquilo, que é muito, certamente, de que não gosta.

Tem de certeza objecções a Sócrates, e a Cavaco Silva, e à esmagadora maioria dos deputados, se não a todos, e deixamos para já de fora os autarcas. Terá também um grave problema, que é o de não conhecer ninguém em quem realmente confie, ou acredite, para os substituir.

É difícil, não é? Não tem à disposição um sistema político de confiança e não tem quem o ocupe ou o cumpra. Sabe apenas, e por dura experiência própria, aquilo que não funciona, ou não funcionou. O fascismo deu no que deu, o socialismo criou mais problemas que soluções, aquilo em que o PSD acredita, se acredita nalguma coisa, não tem um alcance superior ao da próxima campanha eleitoral.

O que temos é mau e nada resolve, antes pelo contrário. Temos partidos políticos, sindicatos, organizações, que funcionam em circuito fechado e têm uma visão egoísta do Mundo. Nenhuma das suas soluções é equilibrada para a sociedade, enquanto todo, resolvendo quanto muito um dos seus muitos egoísmos em detrimento dos outros.

Perante todos estes bloqueios e problemas, quase dá vontade de perguntar se merecemos “isto”. E perguntaria, se não soubesse demasiado bem a resposta.

Por: António Ferreira

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