Arquivo

Mercado municipal da Guarda na rota dos candidatos às legislativas

Comitivas do PS, PSD, CDS, CDU e BE escolheram a manhã de sábado para acções de campanha

Ainda o cabeça de lista do CDS, João Caramelo, distribuía os últimos panfletos lá dentro e já elementos da CDU se instalavam à porta do mercado municipal da Guarda, anunciando a chegada do candidato João Pedro Branquinho. Eram cerca das 9h30. «Hoje vêmo-los a todos», comentava alto e bom som um transeunte, referindo-se aos cabeças de lista dos diferentes partidos às legislativas de domingo. Cá fora, o que se ouvia era uma gravação de José Sócrates, que o altifalante do carro de campanha do PS repetia há uma boa meia hora.

A comitiva do CDS foi a primeira a chegar no passado sábado – dia de maior afluência neste espaço – e a entrada dos centristas não conseguiu abafar o som do altifalante do PS, numa altura em que ainda não havia sinal de Francisco Assis, que lidera a lista socialista, e nem qualquer outra movimentação deste partido. O cabeça-de-lista chegou cerca das 10 horas, à semelhança do seu principal adversário, o social-democrata Carlos Peixoto, e pouco depois de Rui Teixeira, o número um dos bloquistas. Entretanto, lá dentro, João Caramelo mostrava-se de conversa fácil com as pessoas, enquanto ia distribuindo panfletos, canetas, bandeirinhas e sacos plásticos. «Estou negativamente surpreendido [com o mercado], seja com o número de vendedores, seja com o número de pessoas», declarou, aproveitando para criticar o impasse na mudança dos comerciantes do mercado para o antigo matadouro e mais ainda a construção do Guarda Shopping Center.

À saída deparou-se com a CDU e as primeiras movimentações de PS e PSD, mas não chegou a cruzar-se com os restantes cabeças-de-lista. As acções da CDU, PS e BE estiveram lado a lado à entrada do edifício. Cada um foi distribuindo os habituais brindes de época, com excepção dos bloquistas, que só usam o jornal oficial nas suas acções de campanha. «Eu cá aceito tudo e de todos», dizia Maria Albuquerque, uma cliente assídua do mercado, enquanto exibia o jornal do BE, um saco do PS e uma caneta da CDU. «Já sei em quem vou votar, mas não deixo de aceitar o que me querem dar», adiantou, enquanto uma amiga – que pediu uma caneta da CDU – acrescentou ser «pena que só apareçam nestas alturas e que depois deixem de ligar ao povo».

Frente-a-frente Assis-Peixoto

O encontro entre Carlos Peixoto e Francisco Assis aconteceu no interior do mercado, no piso térreo, e ficou marcado pela troca de argumentos sobre os programas. A comitiva socialista circulou por um dos lados e a do PSD optou por ir em sentido oposto, tornando o frente-a-frente inevitável. A esta altura, também João Pedro Branquinho e Rui Teixeira andavam próximos. «Este encontro entre os partidos no mesmo espaço é um bom sinal da democracia», considerou Carlos Peixoto, que logo depois se dirigiu à comitiva socialista e cumprimentou o seu principal opositor. Vestindo uma “t-shirt” da campanha, onde se lia “Gente de Cá”, foi Carlos Peixoto quem puxou a conversa dos programas, entre sorrisos, numa clara alusão ao “pára-quedismo” de Assis: «O vosso [programa] é mais centrado no país e o nosso na Guarda», comentou. «Ainda não leu a parte da Guarda», respondeu Assis, retribuindo os sorrisos, ao argumentar que «falamos no passado com toda a clareza».

Peixoto considerou tratar-se de «uma desvantagem» e afirmou que o programa do PSD está «mais voltado para o presente e futuro». Comparações à parte, Francisco Assis disse não se sentir incomodado com a concorrência, até porque está «há muito habituado» a cruzar-se com outros partidos nas várias campanhas que já fez. As quatro comitivas ajudaram a encher o mercado municipal, com a do PS a destacar-se, por envolver mais gente. Já as acções do BE e da CDU, protagonizadas por três e quatro elementos, respectivamente, acabaram por ser as mais discretas. «O espaço é livre e os outros partidos não incomodam», referiu João Pedro Branquinho, para quem o partido tem «de estar onde as pessoas estão». «Nós só queremos esclarecer as pessoas», acrescentou, por sua vez, Rui Teixeira, realçando que nesta campanha chega-lhe o jornal do BE com as 10 medidas de síntese do partido. No final, todas as comitivas disseram ter encontrado boa receptividade por parte das pessoas. Mas os candidatos a deputados não foram os únicos a passar pelo mercado municipal, também Joaquim Valente (PS), Crespo de Carvalho (PSD) e Jorge Noutel (BE), adversários nas autárquicas, ali marcaram presença na manhã de sábado.

Mercado municipal da Guarda na rota dos
        candidatos às legislativas

Sobre o autor

Leave a Reply