Há muitos anos que o mercado municipal da Guarda não tinha uma enchente como a do último sábado. Durante todo o dia, o artesanato, a pintura, o vinho, as castanhas assadas e a dança ajudaram a promover os produtos hortícolas e a fruta da região, os enchidos, a carne e o peixe. E, pelos vistos, todos ganharam.
Este reencontro dos guardenses com o seu mercado municipal foi proporcionado pela Associação Comercial da Guarda (ACG) e pela artesã Virgínia Almeida, que se juntaram para por em prática a iniciativa “Viva o Mercado” e dinamizar um espaço vetusto e esquecido. Para António Júlio, dono de um talho, a aposta foi ganha. «Hoje, isto está bom, houve um bocadinho mais de pessoas e é pena não haver mais iniciativas assim», disse o comerciante, que só lamenta que a festa tenha sido pouco divulgada. Já o negócio esteve «mais ou menos, mas até aqui tem sido péssimo. A gente passa dias e dias que não faz um tostão», garante. No entanto, esta não é a única queixa do talhante, que está no mercado desde a sua abertura: «O edifício nunca viu um pincel desde que foi inaugurado e está muito degradado. Por exemplo, no inverno, há sítios onde chove como na rua e as casas de banho não têm condições. Já é altura da Câmara fazer alguma coisa», sustenta António Júlio.
Na sua opinião, é prioritário proporcionar «um bocadinho mais de conforto» a quem ali trabalha e aos utentes, pois «é a falta de condições que afasta as pessoas do mercado, não são os produtos». O comerciante, que não esqueceu a tentativa de transferência para o antigo matadouro da cidade e o fracasso do projeto do centro comercial, espera agora que os guardenses regressem mais vezes. Virgínia Almeida, uma das dinamizadoras da feira de artesãos, considera que a iniciativa valeu a pena. «O negócio está a correr bem. As pessoas não vêm só para ver, mas para comprar, penso que todos, artesãos e comerciantes, têm vendido bem», afirma, garantindo que os artesãos estão «cem por cento disponíveis» para repetir a iniciativa. «Espero que nos deixem, pois temos mãos para seguir em frente», sublinha Virgínia Almeida, que já tinha promovido no local a “Feira Livre”.
Também Teresa Sequeira ficou agradada com a experiência. «Foi interessante trazer os artesãos e as pessoas para um espaço ao qual não estão habituados», declara a artesã, que acha que o mercado nunca teve tanta gente. O chamariz foram os workshops de cozinha e dança, as provas de vinho, o concurso de fotografia, o magusto e um arraial de S. Martinho, além da feira de artesanato. Para Miguel Alves, presidente da ACG, a adesão dos guardenses superou as expetativas. «Conseguimos que o cidadão visitasse o mercado municipal e não duvido que para os comerciantes foi um dos melhores dias do ano, já para não falar dos anteriores», afiança. O responsável espera que fique «o hábito de vir ao mercado, consumir na economia local e ajudar os comerciantes da cidade». Quanto ao futuro, o dirigente adianta que a atividade vai ser avaliada com os parceiros, que vão igualmente procurar «dar o passo seguinte a nível de infraestruturas, encontrar novos aliados para esta causa e ver como serão as próximas atividades». Orçado em 2.000 euros, o “Viva o Mercado” mobilizou cerca de 50 artesãos da cidade e da região com o apoio da Ideias.Guarda e do Mercado Aberto da Serra (MAS).
Luis Martins
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