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Mercado do arrendamento ainda fraco na Guarda

Venda de apartamentos usados constitui grande parte da oferta das imobiliárias

A procura de casas para arrendamento disparou em Julho um pouco por todo o país, segundo a Associação dos Profissionais e Empresas de Imediação Imobiliária em Portugal (APEMIP), mas na Guarda o fenómeno está ainda longe de convencer as empresas do sector. Não há, para já, mercado que justifique uma aposta no arrendamento residencial, ainda que se note algum crescimento na procura, dizem as imobiliárias ouvidas por O INTERIOR. Actualmente, a oferta assenta sobretudo na venda de apartamentos usados, com descidas nos preços na ordem dos 20 por cento. Mesmo assim, o negócio parece estar melhor do que em 2009.

O portal imobiliário da APEMIP, o CasaYES, indica que o número de imóveis à venda na Guarda continua a ser bem superior à oferta ao nível do arrendamento. Na última terça-feira, havia quase 400 para vender, dos quais 250 são apartamentos – e só 88 novos ou em construção. Para quem quer arrendar, estão disponíveis 29 andares, sobretudo T2 e T3, com os preços a variarem entre os 250 e os 400 euros, e umas 10 moradias (entre os 250 e os 450 euros). «O mercado do arrendamento não tem evoluído assim tanto na Guarda e, se há algum aumento da procura no último trimestre, deve-se essencialmente aos estudantes», afirma Ricardo Almeida, da Predial da Guarda, uma das imobiliárias que tem mais oferta a este nível. Esta empresa arrenda, em média, cerca de 15 casas por mês, sendo que «a procura sobe cerca de 80 por cento nesta altura», revela. «É um mercado difícil, onde as casas que estão no mercado são praticamente as mesmas e há muito imóvel bastante velho», lamenta Ricardo Almeida, ao explicar que a procura regista-se essencialmente no centro da cidade, nas imediações do IPG, das escolas e do hospital.

O que está a crescer é a compra de casas velhas no centro, onde há imóveis a custar 70 e 80 mil euros. «Há pessoas que aproveitam a baixa de preços para comprar e depois recuperar», explica. «Há mais usados do que novos à venda porque não tem havido novas construções, talvez devido às limitações do PDM e à actual conjuntura, por um lado, e também porque as famílias que compraram há uns 10 anos têm hoje outras condições», analisa, por seu turno, Vítor Cunha, da Predinegócios, ao falar de casos em que o agregado familiar cresceu, nas famílias cuja situação económica melhorou e procuram agora instalações mais adequadas e também «nalgum aperto financeiro» por parte de quem vende. «E há ainda as pessoas que estão a sair da Guarda» por causa do desemprego, acrescenta. Se há zona da cidade cada vez menos procurada é a da Estação: «O mercado ressentiu-se um pouco com o problema da Delphi e vai ressentir-se ainda mais», augura.

Em contrapartida, «o produto próximo do centro da cidade vai escoando», assegura Vítor Cunha. «Esta é uma boa altura para investir para quem tem dinheiro de forma a aproveitar a redução de preços», considera. Na Telehabita, Paulo Passos constata que «há alguma ansiedade por parte de quem quer vender», pelo que, quando aparece um comprador, o preço acaba por baixar. «No segmento médio, os valores estão realmente mais baixos do que há uns anos», compara, acrescentando que «tanto vendemos novos como usados». Paulo Passos até sublinha que, apesar da crise, os resultados da imobiliária que gere têm vindo a subir. «E há até menos oferta do que há uns anos, porque não tem havido tanta construção», diz ainda. Quanto ao arrendamento, o responsável afirma também que «continua a não haver muita oferta» e que o mercado que «vale a pena é no centro». Na Estação, por exemplo, «não há procura», indica. «Não há grande mercado de arrendamento porque não temos na Guarda uma dinâmica empresarial e industrial capaz de atrair gente de fora», lamenta. Já relativamente às vendas no segmento alto e médio alto, a crise parece estar a passar ao lado. Paulo Monteiro, da Emais, que só trabalha com este segmento e essencialmente com habitações novas, garante que não tem razões para se queixar: «O produto que tem qualidade continua a ter procura», afirma. «Os preços não baixam. Podem é, simplesmente, não subir», explica. Os valores são idênticos aos de há três e quatro anos.

Ofertas para todas as carteiras

No portal CasaYES é possível encontrar uma oferta variada de imóveis, à medida de cada carteira. Há preços e imóveis aparentemente convidativos para quem quer comprar barato, como por exemplo um T2 recuperado na freguesia da Sé que custa 55 mil euros ou vários T3 em São Miguel a rondar os 65 mil. Entre os usados, a oferta mais cara que aparece no “site” é um T4 a 180 mil localizado na Sé. Um T4 “como novo” em São Miguel custa na ordem dos 117 mil. Quanto aos apartamentos novos, pode-se comprar um T1 em S. Vicente ou na Sé a partir dos 120 mil, um T3 em S. Miguel a partir dos 132 mil e um T4 na Sé com 140 mil. Os produtos mais caros são T4 que estão a ser construídos em São Vicente, que podem custar 250 mil. No portal – onde não é possível uma busca por vivendas, em nenhum sítio do país –, há moradias T3 para recuperar a partir de 40 mil euros, das quais várias na Sé. Por 100 mil euros, por exemplo, é possível comprar uma moradia em banda T2 em S. Vicente ou uma isolada T3 em S. Miguel. A moradia com preço mais elevado está em S. Vicente, é isolada, T5 e o preço é 420 mil euros.

Lojas da periferia e da Praça Velha não atraem

«Ao contrário do que se possa pensar, temos sentido um aumento da procura ao nível das lojas», afiança Vítor Cunha, da Predinegócios. Segundo explica, são essencialmente pessoas que ficaram no desemprego e «que querem criar o próprio negócio». A procura regista-se «sobretudo no centro», revela. Para este responsável, a Estação é actualmente das zonas menos atractivas da Guarda. No centro, a excepção é a Praça Velha, onde a requalificação realizada pela Câmara «“matou” o comércio», na opinião de Paulo Passos, da Telehabita. «Com as ruas fechadas ao trânsito e a falta de estacionamento, a atractividade da zona é pouca», considera. Acrescenta, no entanto, que as «lojas de primeira linha, que são as que estão no centro», continuam a registar procura, sendo que «as da periferia são cada vez mais difíceis de arrendar». No portal CasaYES há 57 lojas disponíveis na cidade.

O mercado do arrendamento residencial regista pouco crescimento

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