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Menos que Zero

Suspeita-se que o país não está preparado para os desafios que se avizinham. Diz-se que o modelo de desenvolvimento económico escolhido pelos últimos governos não foi o melhor. Adivinham-se tempos difíceis. A estabilidade é absolutamente necessária para se preparar um plano de recuperação que recoloque o país no caminho do desenvolvimento. Esperava-se, por isso, uma pré-campanha eleitoral séria, com os candidatos concentrados na discussão de medidas capazes de solucionar os problemas que afectam o país. Mas não. O único tema discutido até agora foi a data e a estação de televisão onde decorrerá o debate entre os líderes dos maiores partidos. E ainda não há consenso. Estava marcado um debate no canal 2 da RTP, mas querem mudá-lo para um canal privado por causa das audiências. É o reconhecimento de que ninguém está interessado no que têm para dizer. O que é muito mau para um país que precisa de uma opinião pública participativa.

Nós por cá

Continuamos a ter um país a duas velocidades. Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que apenas 27 concelhos do país têm um poder de compra acima da média nacional, e todos eles se situam no litoral. Por outro lado, os concelhos com menor poder de compra situam-se todos no interior.

Para agravar a situação, um outro estudo publicado esta semana destaca que a redução do investimento público pode vir a agravar as assimetrias regionais no nosso país. Neste trabalho é referido que só o investimento público reprodutivo, articulado com as necessidades locais, poderá assegurar um desenvolvimento sustentado.

O estudo não traz nada de verdadeiramente novo, mas tem o mérito de sublinhar mais uma vez algo que me parece importante: a caridadezinha pontual e o subsídio avulso não resolvem os problemas de desenvolvimento do país. O que é necessário é um conjunto de políticas de apoio às infra-estruturas e aos investimentos privados no interior do país. Não me refiro a mais subsídios, mas a medidas não financeiras, como a desburocratização dos processos de criação de empresas ou as isenções fiscais de médio prazo, por exemplo.

Exemplo

A Associação de Produtores Florestais do Paúl recebeu a primeira Bandeira Floresta Verde. Com a entrega da bandeira, o Ministério da Agricultura reconhece o bom trabalho desenvolvido por esta associação na defesa da floresta.

Mas esta Bandeira Verde tem um outro significado que deveria levar algumas pessoas a colher ensinamentos. As guerras entre ministérios e ambientalistas e as disputas entre a Associação Nacional de Bombeiros e a Liga dos Bombeiros, não resolvem o problema dos incêndios de Verão. A redução do número de fogos passa por um maior apoio a todos aqueles que gostam verdadeiramente da floresta. A Associação de Produtores Florestais do Paúl é um bom exemplo disso mesmo, e a prova de que o trabalho sério e honesto acaba por ser recompensado.

Por: João Canavilhas

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