Arquivo

Menos que Zero

A Serra da Estrela vai receber 100 milhões de euros relativos a projectos aprovados no âmbito do PITER. Segundo li, há quem pense que este investimento vai revolucionar o turismo na região, mas eu duvido.

Para começar, o presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela disse que 40 por cento dos projectos aprovados já estão prontos. Ora, se até agora não se percebeu o impacto de cerca de metade do investimento, suponho que não serão os restantes 60 por cento a trazer a tal revolução.

Por outro lado, a filosofia que parece estar na base da aprovação destes projectos continua a ser a de construir ou melhorar unidades hoteleiras, o que não ajuda muito a ultrapassar uma das fraquezas da região: a falta de actividades de lazer – estruturas ou eventos – que sejam verdadeiras alternativas à neve.

Do pacote agora aprovado, destaco a construção de uma telecabina entre as Penhas da Saúde e a Torre, os melhoramentos no Covão da Ponte e no Covão d’Ametade e os centros de interpretação, nomeadamente o do Descobrimentos. Estas são, seguramente, apostas ganhas, pois vão enriquecer a incipiente oferta da região.

Mas é preciso mais do que infra-estruturas de lazer. A região precisa de organizar grandes eventos e aproveitar as épocas festivas. Quem assistiu aos telejornais do dia 1 de Janeiro viu os festejos de fim de ano em alguns dos destinos turísticos mais importantes do país. Algarve, Lisboa e Madeira proporcionaram aos seus turistas grandes festejos de rua, com música e fogo de artifício e muita animação. São iniciativas como esta que criam imagens de marca e dão mais visibilidade aos destinos turísticos. E não é por existirem festas deste género que os hotéis e discotecas ficam vazios, antes pelo contrário, estas iniciativas têm um efeito multiplicador que atrai ainda mais gente para essas zonas.

Se a Serra da Estrela quer ser “uma marca e uma região estratégica para o turismo nacional”, então as instituições e os empresários ligados ao sector vão ter de investir mais em estruturas de lazer e na organização de actividades de grande impacto mediático.

Sobre o autor

Leave a Reply