Subordinado ao tema O presente e o futuro das profissões, o encontro anual do Instituto de Orientação Profissional reuniu em Lisboa empresários, professores e investigadores. As novas tendências do mercado de trabalho, as profissões emergentes e a orientação vocacional estiveram em destaque nas intervenções dos vários participantes.
Do que me foi relatado acerca do encontro, saliento as palavras do administrador de uma das maiores empresas portuguesas de construção civil referindo-se ao processo de recrutamento na sua empresa. Segundo ele, os aspectos mais valorizados actualmente na apreciação de candidaturas a emprego são a participação do candidato em movimentos associativos, a prática de desportos colectivos, a versatilidade e o gosto pela mobilidade.
Destaco esta intervenção porque ela confirma o que aqui escrevi recentemente, quando salientei que o divórcio entre a juventude e os movimentos associativos prejudica o associativismo, evidentemente, mas também o processo de formação dos próprios jovens, que perdem assim uma segunda escola.
Tal como acontece noutras áreas, é preciso saber ouvir o mercado. E se o mercado de emprego diz que fazer parte de uma associação juvenil é uma mais-valia, então pais e educadores devem incentivar a participação dos seus educandos neste tipo de estruturas associativas.
No sábado desloquei-me a uma das grandes superfícies da Covilhã. À entrada estava um grupo de jovens jogadores do Sporting da Covilhã que tentava vender rifas para um sorteio. E digo “tentava” porque durante o tempo que ali estive não conseguiram vender nenhuma rifa. O que é natural, pois cada papelinho para o sorteio custava a módica quantia de dez euros. Os miúdos bem tentavam explicar que o prémio era valioso – uma viagem e mais qualquer coisa – mas, naturalmente, ninguém se mostrou interessado.
É fácil perceber que o promotor deste sorteio não tem qualquer noção da realidade. Caso contrário saberia que a esmagadora maioria das pessoas compra as rifas unicamente para apoiar a instituição em causa e por isso o preço unitário deve ser acessível. O objectivo é ajudar, mas essa ajuda tem limites e pedir dez euros para um clube de futebol é, claramente, um exagero. E é também um erro estratégico, pois mais facilmente se vendem cem rifas a um euro do que uma a dez euros!
Por: João Canavilhas