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Menos que Zero

Despromovidos mas honestos

Uma vitória no último jogo garantia a manutenção do Sporting da Covilhã na Liga de Honra, porém a equipa não conseguiu, ou não a deixaram, atingir esse objectivo.

O momento é de tristeza, mas julgo importante repetir o que escrevi em Novembro, quando a equipa seguia em 2º lugar: este clube enche-nos de orgulho, porque fez todo o campeonato sem cair na tentação de contratar jogadores quando sabia que não tinha estrutura para lhes pagar. Enquanto isso, alguns clubes concorrentes reforçavam os plantéis ao mesmo tempo que eram notícia pelos salários em atraso.

É evidente que os adeptos gostariam que o Covilhã se mantivesse na Liga de Honra, mas estariam dispostos a que isso acontecesse à custa de jogadores com salários em atraso? Aceitariam de bom grado ver o nome da equipa associado a incumprimento com a Segurança Social e com o Fisco? Acho que não.

Embora despromovido, o Sporting da Covilhã conseguiu estar na luta até ao fim, apesar de ter o orçamento mais baixo do seu escalão. Como é costume dizer-se, “pobres, mas honestos”.

Evidentemente, nada disto ficará na história. Nem isto, nem o facto de ter sido nomeado um árbitro do Algarve para um jogo onde o Covilhã disputava a manutenção com uma equipa algarvia. E também não ficará registado que as rescisões de contratos e as faltas de comparência de algumas equipas acabaram por tirar toda a verdade à competição deste ano. Para a história fica a descida do Sporting da Covilhã, mas ficará também registada a injustiça dessa despromoção e o orgulho de quem sabe que, embora tenha descido à II divisão, o Sporting da Covilhã é um clube de gente honesta e cumpridora dos seus compromissos.

Já agora, uma pergunta: se no final do campeonato os clubes da Liga de Honra tivessem de apresentar todas as garantias exigidas no início da competição, quantas conseguiriam cumpri-las?

Acabou-se o festival

Foi cancelado o Festival de Cinema Cidade da Covilhã, organizado pelo Inatel. Este festival, que herdou a longa tradição cinematográfica do Inatel na região, era já um evento integrado no circuito nacional de festivais e um momento muito aguardado pelos jovens realizadores portugueses, entre os quais alguns alunos da UBI.

O festival dependia da homologação da verba proposta pela delegação regional aos serviços centrais do Inatel, mas a falta de resposta acabou por levar ao cancelamento da edição 2006.

O problema não é novo: na edição anterior, a homologação foi igualmente protelada até ao limite e só a dedicação do responsável local pelo evento, Luís Cassapo, permitiu disfarçar os atrasos e improvisos. Infelizmente, de nada valeu esse esforço.

Talvez os dirigentes nacionais pensassem que podiam acabar o festival em 2005, homologando tardiamente a verba. O bom trabalho da delegação regional, sobretudo de Luís Cassapo, não o permitiu e por isso a direcção nacional teve de assumir a responsabilidade de acabar com o evento. Desta forma, estes senhores contribuíram para que as assimetrias regionais no acesso à cultura sejam cada vez mais vincadas.

Por: João Canavilhas

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