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Menos que Zero

A crise francesa continua em destaque na comunicação social. Cientistas sociais e políticos tentam explicar as razões que conduziram a França para a situação actual e, apesar das divergências pontuais, todos estão de acordo num ponto: era inevitável que isto acontecesse.

A dificuldade da sociedade francesa integrar os imigrantes – materializada numa alta taxa de desemprego – é apontada como a causa mais provável para os tumultos, o que nos remete para a necessidade, ou não, de quotas para imigrantes.

Contrariamente ao que muitos defendem, considero que as quotas não são uma forma de xenofobia: as quotas visam defender os imigrantes dos empresários sem escrúpulos e das máfias, oferecendo-lhe condições de vida que não tinham na sua terra natal.

Por isso não compreendo os que acusam a França de marginalizar os imigrantes, ao mesmo tempo que votam contra as quotas para imigrantes, como aconteceu no passado recente em Portugal.

O resultado da falta de regras para a imigração está à vista: em França, como em Portugal, desemprego, fome e exploração, para não dizer escravatura, são o dia-a-dia de muitos imigrantes.

Marcas

O título não podia ser mais explícito: “Made em Portugal não acrescenta valor aos produtos”. A notícia explica a razão pela qual as marcas portuguesas optam por nomes estrangeiros como forma de evitar a desvalorização dos seus produtos, ilustrando a situação com uma história: num teste “cego”, pediu-se a compradores estrangeiros que avaliassem cinco pares de sapatos. Após a revelação do país de origem – Portugal – essa avaliação baixava cerca de 30 por cento.

Estes dados confirmam a necessidade de se investir na criação de uma imagem de marca que permita posicionar os nossos produtos têxteis e calçado ao nível dos franceses e italianos. Tendencialmente, o sucesso que a marca Portugal conseguiu ao nível do turismo deverá ser explorado noutras áreas, evitando-se a proliferação de campanhas desgarradas. Ou seja, o dinheiro investido em marcas regionais – estilo MontNeve – é dinheiro atirado à rua.

A propósito: depois de todo o show-off em torno da marca, que resultados práticos teve a acção?

Embargo

No dia 24 de Abril de 2005, a Câmara da Covilhã emitiu uma licença para movimentação de terras na Quinta do Freixo. Saliente-se a dedicação do funcionário e do autarca que se disponibilizaram para emitir o documento num domingo!

Cerca de seis meses após a emissão da licença – e muitos pareceres negativos depois – a Câmara decidiu embargar essa mesma obra.

Até ao momento em que escrevo, não houve nenhuma explicação da Câmara para esta mudança radical. E seria interessante perceber por que razão se passa de uma disponibilidade que permitiu a emissão de um documento ao domingo, para um embargo da obra.

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