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Menos que Zero

A poucas semanas da abertura do Serra Shopping, os comerciantes da Covilhã começam a temer o pior. O comércio tradicional sente novamente a ameaça de uma grande superfície e, naturalmente, receia que esta seja a machadada final nas lojas que restam no centro da cidade.

Quando abriu o hipermercado Monteverde também se antevia o pior, mas depois disso abriu o Modelo, o Lidl e o Intermarché. Encerraram algumas lojas de bairro, é certo, mas muitas outras continuam abertas: a proximidade e o atendimento personalizado ainda ditam as suas leis.

Num primeiro momento, o Serra Shopping atrairá milhares de pessoas: é novidade, oferece um vasto conjunto de produtos e serviços num só espaço e tem estacionamento gratuito. Mas não é preciso desesperar: tal como aconteceu antes, os clientes acabarão por fazer as suas compras dentro e fora do novo espaço comercial.

Alguns comerciantes terão de repensar o seu negócio, fazendo adaptações à nova situação. Porém, não devemos esquecer que a Covilhã sempre foi a cidade com o sector comercial menos desenvolvido da região, pelo que os comerciantes teriam de efectuar mudanças, sob pena de os clientes continuarem a procurar outras cidades.

A abertura do shopping pode ser uma ameaça para o comércio tradicional, mas é também uma oportunidade para a Covilhã renovar a sua oferta comercial. Se o novo espaço vai atrair milhares de pessoas de outras regiões, então os comerciantes têm dois desafios: atrair esses consumidores para outras zonas da cidade e apostar em produtos complementares aos que são oferecidos no Serra Shopping.

Ao contrário do que alguns temem, a abertura deste espaço não significa o fim do comércio tradicional, mas o início de uma nova era para esse mesmo comércio.

Cartas ao Director

Nesta secção do Notícias da Covilhã (NC), dois casos curiosos.

A Câmara da Covilhã responde ao NC por este se ter queixado de não receber atempadamente informações que outro jornal – o do Fundão – recebe. Considero este caso curioso porque estamos a falar de uma situação que se arrasta há anos: só os mais desatentos não repararam ainda que a última página do Jornal do Fundão publica em primeira-mão algumas informações camarárias que os outros só conseguem na semana seguinte.

A Câmara da Covilhã responde ao NC que se trata, simplesmente, de um jornalista com boas fontes. Talvez seja. Porém, quem trabalha no sector sabe que as notícias em primeira-mão se pagam. Aliás, basta ler algumas das notícias que enchem aquela página para se perceber do que estou a falar.

Em todo este processo, saúde-se a coragem do NC para dizer basta. Agora, tal como aconteceu a outros jornais da região, vai sujeitar-se às consequências: receber pouca informação e menos publicidade oriunda da Câmara.

A carta seguinte é de Paulo de Oliveira. O empresário mostra a sua indignação por aquilo que foi dito numa manifestação à porta de uma das suas empresas. Acusado – segundo ele injustamente – de não pagar o que deve aos trabalhadores, o empresário salienta que este tipo de atitudes lesa a imagem da empresa junto dos clientes, pondo em risco a sua viabilidade.

Embora desconheça este processo, estou certo que o percurso industrial de Paulo de Oliveira merece mais respeito de trabalhadores e sindicatos. Não estamos a falar de um empresário qualquer, mas do maior empresário têxtil da região e um dos mais destacados do país. Paulo de Oliveira é o grande empregador da região, sendo responsável pelo facto de muitos trabalhadores ainda manterem um emprego estável num sector onde todos os dias encerram fábricas. Como alguém dizia, “vale a pena pensar nisso”.

Por: João Canavilhas

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