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Menos que Zero

É natural que o diagnóstico de uma determinada doença provoque ansiedade. De um momento para outro, uma pessoa habituada a certas rotinas diárias vê-se obrigada a alterar hábitos e a iniciar um conjunto de procedimentos tendentes a ultrapassar a situação. Começa assim um percurso terapêutico que pode ser curto, mas que também se pode prolongar pelo resto da vida.

É por isso que a entrada numa unidade hospitalar provoca um intenso desgaste físico e psicológico no doente. Ao desconhecer a gravidade da sua situação, o doente encontra-se numa situação de especial fragilidade, pelo que o acompanhamento e a personalização dos cuidados de saúde assumem um papel fundamental na recuperação.

Vem isto a propósito de uma experiência pessoal que nas últimas semanas me levou quase diariamente ao Hospital da Covilhã. Felizmente, não sou frequentador assíduo de unidades hospitalares, mas o que conheço permite-me escrever com alguma segurança que o Hospital da Covilhã é uma unidade exemplar. Desde a organização, à gestão da informação e aos equipamentos, tudo parece funcionar eficazmente. Marcações de consultas, exames e tratamentos, decorrem com uma eficiência pouco habitual em instituições desta dimensão.

Ao nível tecnológico, os meios disponíveis neste hospital não serão muito diferentes dos existentes noutros hospitais. O que marca a diferença é, sem dúvida, o apoio de todas as pessoas com quem contactamos no dia-a-dia. Conforme pude testemunhar nestas semanas, médicos, enfermeiros, administrativos e auxiliares demonstram uma total disponibilidade no apoio a pessoas que atravessam um momento especialmente difícil da sua vida.

Apesar de integrar um sistema onde habitualmente os doentes se resumem a números, no Hospital da Covilhã respira-se um ambiente de proximidade. Os profissionais desta unidade tratam os doentes pelo nome próprio, acarinham-nos e encorajam-nos ao longo do seu tratamento, criando um clima quase familiar. Uma tarde, após um tratamento, sujei a manga da camisa. Na semana seguinte, a primeira coisa que a auxiliar me perguntou foi se a nódoa tinha saído. É um pormenor, entre muitos outros, mas demonstra bem o tipo de relações criado entre o serviço e o utente, e serve como exemplo das inúmeras demonstrações de carinho que o doente recebe diariamente.

Numa área como a saúde, onde a confiança é fundamental para o correcto diagnóstico e tratamento, ter um hospital rico em recursos humanos é meio caminho andado para uma boa recuperação. Felizmente, o Hospital da Covilhã é exemplar a todos os níveis profissionais.

Por: João Canavilhas

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