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Menos que Zero

A Câmara adjudicou a construção do Centro de Artes da Covilhã e, como não podia deixar de ser, o processo já está envolto em polémica. Na origem de tudo está o facto de uma primeira comissão externa ter aconselhado um vencedor e uma comissão interna ter escolhido outro consórcio para a construção do Centro.

Este intricado processo permite-me deixar aqui uma questão e uma especulação.

A questão: Numa cidade onde o único grupo de teatro profissional tem local de actuação, onde existem dezenas de associações com boas salas de espectáculo (GIR do Rodrigo e GER Campos Melo, por exemplo), onde estão a ser construídas mais quatro salas de cinema, onde a universidade está prestes a concluir um auditório com mais de 500 lugares e onde existe um espaço subaproveitado como o Teatro-Cine, valerá a pena investir 10 milhões de euros num Centro de Artes?

A especulação: Ao adjudicar a construção do Centro de Artes ao consórcio que a comissão de peritos colocava em segundo lugar, a Câmara sabia que o grupo melhor posicionado nessa escolha iria protestar. O que acabou por acontecer, com o consórcio preterido a accionar uma providência cautelar que impede, para já, o início das obras. Quem é favorecido com este adiamento? Pois bem, com as eleições autárquicas no horizonte e um longo processo legal pela frente, Carlos Pinto vai chegar à campanha sem que ninguém o possa acusar de não ter cumprido a promessa de construir o Centro de Artes. Afinal de contas, a culpa não é dele, mas de quem meteu os tribunais ao barulho!

Autárquicas 2005

Diz-se que o Partido Socialista da Covilhã não escolherá o seu cabeça-de-lista à Câmara até Carlos Pinto anunciar se vai ou não recandidatar-se. A ser verdade, este é o primeiro erro dos socialistas. É verdade que ainda nenhum dirigente socialista assumiu publicamente esta posição, mas se não avançarem com um nome antes da tomada de decisão de Carlos Pinto, todos acharemos que é verdade.

A ser assim, o cabeça-de-lista do PS – seja ele quem for – partirá para as eleições condicionado pelo facto de ser o candidato possível e não o desejado.

Bom-senso

Por fim imperou o bom senso. O Benfica do Tortosendo e a Câmara da Covilhã chegaram a um acordo que permitirá a entrega das 148 casas de habitação social construídas no Tortosendo. Na hora da entrega das chaves, ninguém se vai lembrar do passado, mas é preciso não esquecer que estas casas estiveram dois anos a degradar-se por causa de um diferendo político. O acordo final comprova que a solução foi sempre possível, mas os autarcas envolvidos estavam mais interessados com a sua guerrinha política. Nas autárquicas veremos o que pensam de tudo isto os eleitores do Tortosendo.

Todos juntos?

Ao propor uma central de reservas para hotelaria e restauração de qualidade na Serra da Estrela, a equipa do PETUR dá provas de estar a desenvolver um bom trabalho no sentido de afirmar o produto turístico regional.

Esperemos agora que as recentes polémicas entre hoteleiros não deitem tudo a perder. Posso estar muito enganado, mas antevejo animados debates entre hoteleiros na hora de definir o conceito de “qualidade” em hotelaria!

Por: João Canavilhas

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