Arquivo

Menos candidaturas a bolsas aprovadas na UBI e IPG

Associações de Estudantes estão dispostas a ajudar alunos que necessitem

Foram aprovadas menos candidaturas a bolsas de estudo na Universidade da Beira Interior (UBI) e no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), em relação ao ano letivo anterior.

Comparando o número de estudantes que concorreu com os que conseguiram obter bolsa, conclui-se que a taxa de aprovação sofreu um ligeiro decréscimo em relação ao ano letivo anterior. No caso do IPG, cerca de 73 por cento dos alunos que concorreram viram a sua candidatura ser aprovada em 2009/2010. Este ano, apenas 68 por cento dos estudantes que concorreram conseguiram obter bolsa. Na UBI, houve uma taxa de aprovação que ronda os 78 por cento no ano passado e os 65 por cento neste ano letivo. Se por um lado foram atribuídas menos bolsas, também o número de candidaturas desceu, em ambos os estabelecimentos de ensino superior da região, sendo que na UBI houve menos 288 candidaturas e no IPG menos 290. Este é um ano letivo marcado pela mudança. Em setembro, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior divulgava as novas regras para atribuição de bolsas de estudo, fazendo crer que que o novo regulamento seria «mais justo».

Entre outras alterações, estas bolsas passaram a ser atribuídas proporcionalmente ao rendimento “per capita” do agregado familiar, em detrimento do anterior sistema de escalões. As regras de cálculo foram, necessariamente, alteradas e introduziu-se a vertente de “contratualização”, que assegura a condição do bolseiro durante todo o ciclo de estudos, no caso dos alunos que mantêm as condições de elegibilidade. No entanto, o primeiro impacto da aplicação destas regras gerou desde logo polémica, com várias associações de estudantes a contestar o regulamento, dizendo que iria penalizar precisamente os alunos em piores condições económicas. Além disso, milhares de estudantes esperaram meses para saber ao certo o valor que iriam receber este ano letivo. E sucederam-se as notícias de jovens que estariam a abandonar o ensino superior por falta de apoio financeiro.

Associação de Estudantes do IPG cria gabinete de apoio

Os dirigentes estudantis da UBI e IPG ainda não analisaram os números em detalhe. Mas, no caso do politécnico da Guarda, o presidente da associação admite que «há estudantes que passam dificuldades». «Ainda não nos chegaram muitas queixas relativas à não atribuição de bolsas, mas talvez porque os alunos do primeiro ano só souberam há pouco tempo e as aulas ainda não recomeçaram». Marco Loureiro considera as novas regras «injustas» e acredita que «dia 28, quando regressarem às aulas, serão muitos os estudantes a revelar a situação financeira difícil que terão de enfrentar». O dirigente estudantil revela que a associação está a criar «um gabinete de apoio urgente ao estudante», para auxiliar cerca de 30 alunos, através da atribuição de um cabaz de alimentos por mês. «Os estudantes com dificuldades económicas poderão poupar 40, 50 euros por mês», estima Marco Loureiro.

Além disso, revela ainda que a associação está a estudar a possibilidade de criação de «um fundo financeiro», em colaboração com os Serviços de Ação Social para «ajudar, monetariamente, os casos mais emergentes». Na Covilhã, a Associação Académica da UBI (AAUBI) também se mostra recetiva na procura de soluções para os alunos que se sentem injustiçados no processo de atribuição de bolsas. A presidente da AAUBI convocou uma reunião para esta terça-feira, no sentido de ouvir «os alunos que se sentem lesados quanto às novas regras». Na reunião, estará ainda presente o Provedor dos Estudantes «para que assim se possa verificar se os alunos sofreram com os cortes». A dirigente faz ainda um alerta a todos aqueles que «possam sentir vergonha em admitir que estão a passar dificuldades» e deixa um apelo: «Não é vergonha nenhuma dizer que existem diferenças sociais, mas temos de lutar para as minimizar e há que dar a cara e não esconder a realidade».

A organização de jovens trabalhadores – Interjovem vai solicitar às associações académicas do distrito de Castelo Branco a realização de reuniões, onde se possa avaliar «o impacto das novas medidas no meio académico». «A Interjovem não aceita este diploma pois tem consciência dos efeitos devastadores e exigimos a alteração do mesmo», escrevem em comunicado.

Catarina Pinto Associação Académica da Guarda vai criar gabinete para apoiar estudantes com problemas financeiros

Menos candidaturas a bolsas aprovadas na UBI
        e IPG

Sobre o autor

Leave a Reply