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Menos alunos nas escolas do distrito

Número de jovens matriculados para o ano letivo que agora começa é inferior comparativamente a 2011/2012

Na semana em que se inicia mais um ano letivo, os dados dizem que, a nível nacional, o número de alunos caiu 14 por cento, ou seja, há quase menos 200 mil estudantes no secundário. As escolas do distrito não fogem à regra e, de acordo com a informação recolhida por O INTERIOR junto da direção de alguns estabelecimentos de ensino, registam-se diminuições em todos os ciclos.

Na Guarda, a Escola Secundária da Sé tem 1.600 alunos matriculados para o ano letivo 2012/2013, menos 172 que há um ano, o que se traduz numa diminuição de 9,7 por cento. No 10º ano há 775 alunos, no 11º 523 e no 12º 252, quando em 2011/2012 havia 846, 565 e 281, respetivamente. Já no ensino secundário profissional, o número de alunos baixou de 80 para 50. Cristina Vicente, diretora da escola, critica neste contexto as políticas de ensino, «que não são as mais favoráveis». A responsável exemplifica com o caso de um curso profissional de Informática que «não abriu porque tínhamos 18 alunos matriculados» quando se exige um mínimo de 24. «Eram alunos que tinham vontade em seguir este curso e na escola havia recursos humanos e materiais para que fosse lecionado», afirma, acrescentando que «perante as regras impostas pelo ministério, tiveram de seguir outro caminho». A diretora diz ainda que a diminuição global do número de alunos é uma «consequência natural da redução da natalidade».

Outros casos de diminuição acentuada do número de alunos incluem as escolas secundárias de Fornos de Algodres, que perdeu 14,2 por cento dos estudantes que tinha há um ano (de 176 para 151 alunos), sendo que também há diminuições nos restantes ciclos do agrupamento, e de Figueira de Castelo Rodrigo, que regista uma quebra de 22,2 por cento entre os matriculados do ano letivo anterior e os atuais (162 há um ano, 126 agora). Em Aguiar da Beira a redução do número de alunos ronda os 10 por cento em todos os ciclos de estudos do agrupamento e a diretora Sandra Correia aponta como causas, além da «baixa natalidade», a «emigração muito elevada». «Nesta região há muitos casos de famílias inteiras que saíram do país e levaram os filhos, o que se traduziu numa diminuição do número de alunos», adianta a responsável.

Apesar de, na maioria dos casos, os currículos profissionais não escaparem ao panorama geral de diminuição de alunos, esta área consegue nalgumas escolas ganhar terreno ao ensino secundário regular. No Agrupamento de Escolas de Aguiar da Beira, o número de matriculados nos cursos profissionais (65) manteve-se desde o ano passado, mas devido à descida do número de estudantes no ensino regular, os alunos a frequentar estes currículos representam agora mais de metade da população estudantil do secundário naquela escola. É caso único no distrito e Sandra Correia considera que tal se deve à «pouca oferta no ensino secundário regular» que há naquela escola. «Assim, muitos alunos seguem pelo caminho do ensino profissional», refere. Outro fator prende-se com o aumento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, o que leva a que «aqueles que, à partida, iriam desistir ao 9º ano optem pelos currículos profissionais, pois na maioria dos casos são alunos que têm dificuldades no ensino regular», revela Sandra Correia. Por isso, a diretora admite mesmo «aumentar a oferta e abrir mais cursos profissionais».

Na Guarda, a Secundária Afonso de Albuquerque (ESAAG) é a única das escolas contactadas por O INTERIOR que consegue “escapar” à redução generalizada de alunos, tendo até aumentado o número de matriculados este ano, passando de 969 para 1.025. O ensino profissional foi em grande parte responsável por esta subida, com 78 matriculados contra os 54 do ano transato (mais 21,6 por cento). Conceição Melo, subdiretora do liceu, como é popularmente conhecida esta escola, justifica a situação com o facto dos alunos «começarem a preocupar-se mais em arranjar trabalho logo a seguir ao secundário, em vez de prosseguir os estudos numa universidade». De resto, «os bons resultados dos nossos cursos ao nível da empregabilidade também ajudam», acrescenta a docente, segundo a qual «há alunos que abandonaram os estudos após o 3º ciclo que agora estão a regressar».

Para já, a ESAAG oferece cursos nas áreas da restauração e apoio à gestão desportiva, mas «pode vir a abrir mais cursos», de acordo com Conceição Melo, pois a escola pretende «continuar a desenvolver e a apostar na vertente profissional».

Fábio Gomes Secundária da Sé tem menos 9,7 por cento de matriculados que em 2011/2012

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