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Menos 12 mil utentes no TMG

Em 2006 as actividades não culturais foram responsáveis por cerca de dois terços das idas ao complexo cultural da Guarda

O balanço do segundo ano de actividade do Teatro Municipal da Guarda (TMG) é mais optimista que as respectivas contas. Em 2006 assistiram às actividades culturais mais de 33 mil espectadores, de acordo com os dados divulgados na semana passada por Américo Rodrigues. No entanto, foram os eventos não culturais (decorrentes de alugueres de espaços) e o café-concerto que envolveram mais gente: 72.500. No total, o TMG acolheu mais de 106 mil pessoas, o que representa uma quebra de quase 12 mil utentes/visitantes comparativamente aos nove meses de 2005, quando atraiu 118.361 pessoas.

Em 2006 foram programados 305 eventos, dos quais 59 concertos, três óperas, 31 peças de teatro, seis espectáculos de dança, 35 sessões de cinema, nove exposições, 35 espectáculos de outras áreas, 15 actividades em parceria, 96 sessões do Serviço Educativo e iniciativas não culturais. Segundo o director, a taxa média de ocupação global do TMG foi de 56,3 por cento, tendo-se registado 78 por cento de ingressos no último mês do ano. «Neste momento cria-se uma grande confusão na opinião pública, porque ouvem os valores das dívidas, mas não ficam com o outro dado da questão», lamentou Américo Rodrigues, afirmando que está a ser feito um «esforço contínuo e permanente» para equilibrar as contas. «Esta é que seria a mensagem positiva e verdadeira», criticou, embora tenha admitido que os prejuízos da CulturGuarda – mais de 510 mil euros no ano passado – são um problema «muito difícil de solucionar». Entretanto, «estamos a tentar mostrar que é possível abandonar uma situação de crise financeira, corrigindo, progressivamente, o que estava mal feito e introduzindo uma nova orientação», acrescentou.

Nesse sentido, o director do TMG anunciou que a situação financeira melhorou no primeiro trimestre de 2007. «Nota-se uma progressão no sentido do equilíbrio entre os custos e os proveitos, o que é um bom indicador», disse, adiantando que terá que haver menos actividades nos próximos meses, pois «se há mais, custam mais». Já Vergílio Bento voltou a insistir que, graças ao TMG, a Guarda é «a capital cultural da Beira Interior e por direito próprio». O vice-presidente da autarquia e elemento do Conselho de Administração da CulturGuarda destacou ainda a sua «dimensão regional», exigindo por isso o apoio do Ministério da Cultura. «O TMG realiza actividades de uma forma continuada, mas à custa quase exclusivamente do subsídio da Câmara e esta não pode ser a única a assumir a sua gestão», considerou.

Conforme noticiou “O Interior” na última edição, a programação do TMG contribuiu em quase 67 por cento para o resultado líquido negativo da CulturGuarda em 2006, mais de 510 mil euros. Segundo o último relatório e contas, o endividamento continua a aumentar (era de 219.540 euros em Dezembro de 2006) por falta de liquidez da empresa municipal, cujo maior problema reside na estrutura de custos com pessoal e com a programação. As actividades apresentadas no grande auditório foram as mais deficitárias em termos de custos e proveitos (-199.601 euros), seguindo-se as exposições na galeria de arte (-54.681 euros), os espectáculos do pequeno auditório (-44.341 euros) e no café-concerto (-29.526 euros). No total registou-se um saldo desfavorável de mais de 340.500 euros. O outro contributo são os custos com pessoal, que eram 521.477 euros a 31 de Dezembro de 2006, mais 72.544 euros que nos nove meses de actividade do primeiro ano de funcionamento. Mas a redução do subsídio à exploração pago pela Câmara também não ajudou a equilibrar as contas. Em 2006, a autarquia passou a transferir, em média, 53 mil euros por mês, quando, no ano anterior, esse apoio foi da ordem dos 87 mil euros. Uma diminuição que não compensou o fim do subsídio do Ministério da Cultura.

Luis Martins

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