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Meio milhão de euros para requalificar mais uma rotunda na Guarda

A sexta rotunda a ser intervencionada no plano de requalificação urbana da Câmara vai incluir uma locomotiva da segunda metade do século XX

Está a caminho da Guarda uma antiga locomotiva da CP, cujos primeiros anos de circulação remontam ao pós II Guerra Mundial. Retirada de circulação desde 2000, o seu destino vai agora ser outro, já que a autarquia, no âmbito do plano de requalificação urbana, quer colocá-la na rotunda oval junto ao Parque Urbano do Rio Diz, que liga a Avenida de São Miguel à Avenida da Estação. A intervenção inclui a requalificação da zona e custará cerca de 438 mil euros. A decisão foi aprovada por maioria na última reunião do executivo, na segunda-feira, com os votos contra dos dois vereadores socialistas.

«Há aqui um rasto que anda muito próximo dos 1,5 milhões de euros em arranjos urbanísticos de rotundas e estátuas. Com esta serão seis. Como se fosse esta a prioridade para a Guarda», começou por dizer Joaquim Carreira. Apesar de considerar importante que o espaço urbano seja tratado e melhorado, o vereador sublinhou que «gostaríamos de ver este dinheiro investido num pavilhão multiusos, por exemplo, ou numa ciclovia». Já para Álvaro Amaro esta obra «faz jus à história do passado da Guarda e para que continue a ter uma história com futuro», tendo acrescentado que o voto contra da oposição o deixou de «boca aberta e perplexo». O presidente disse não entender «como se pode votar contra um projeto que ajuda a requalificar uma zona importante da cidade e torna-a mais atrativa», garantindo que o município já tem «quase garantido 85 por cento de financiamento».

A concretizarem-se realmente as intenções do executivo, a locomotiva virá para Guarda através de um contrato de cedência por parte da CP, primeiramente durante 10 anos e depois renovável a cada cinco. Em contrapartida, a autarquia tem de fazer um seguro para a máquina, responsabilizar-se por eventuais despesas de manutenção e assegurar o transporte desde o Barreiro, onde se encontra a locomotiva. «Não será um processo barato nem simples», lamentou Joaquim Carreira, para quem «438 mil euros serão só para colocar a máquina no local». O que é «uma loucura completa», referiu o socialista, que continua a não entender os gastos de «um executivo em recuperação económica e que usa sempre o argumento de que a Câmara só gasta 15 por cento». Irónico, o vereador da oposição deixou ainda uma interrogação: «Apetece perguntar qual será a próxima rotunda?», disse, lamentando que esta seja a prioridade «numa cidade que perde investimento e não sabem captar investimento». Neste sessão o executivo aprovou por unanimidade um voto de pesar pelo falecimento de Mário Soares.

Estacionamento do TMG com acesso pedonal ao edifício

Na agenda da última reunião de Câmara esteve também a construção de um acesso pedonal coberto entre o parque de estacionamento e a entrada principal do TMG.

O ponto foi aprovado por unanimidade por ser considerado «fundamental», justificou Joaquim Carreira, que acredita que «vai trazer outra funcionalidade e outro conforto» aos utilizadores do espaço. Projetado por Carlos Veloso, arquiteto autor do teatro, o acesso será feito através de um túnel e tem um custo previsto de 300 mil euros. O edil espera lançar o concurso dentro de dias e não dúvida que é «um projeto para incentivar mais pessoas a irem ao TMG».

Tudo na mesma no Hotel Turismo

Na segunda-feira Álvaro Amaro voltou a tocar no tema Hotel Turismo para pedir explicações ao Governo. Com a entrada de um novo ano «esperavam-se decisões novas», mas tal parece não estar para acontecer e o edil continua a pedir que seja dado «um destino» ao edifício.

No final da reunião, o autarca afirmou aos jornalistas que «a paciência tem limites» e avisou que «não fazer nada é descriminar negativamente a Guarda», por isso «chegou a hora de dizer basta». Álvaro Amaro voltou também a garantir que há privados interessados em investir no hotel e, em último caso, poderá ser a própria Câmara a adquirir o imóvel.

Ana Eugénia Inácio Locomotiva C.P. 1505 (ALCO RSC 3) vai ser colocada na rotunda junto ao Parque Urbano do Rio Diz, que liga a Avenida de São Miguel à Avenida da Estação

Comentários dos nossos leitores
antonio vasco s da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
Não é possível manter este estado de coisas. E possível fazer arranjos nas rotundas, torná-las mais atrativas sem que se gaste tanto dinheiro. Quem se fica a rir é a CP. A prioridade da Câmara é fazer com que novas empresas se fixem na Guarda, criando novos postos de trabalho. Isto só é possível porque o partido da oposição, o PS, não tem ninguém capaz de acabar com este abuso de dinheiros públicos. Ao invés, o povo assiste sem nada poder fazer. Tantas são as prioridades para a Guarda que se anda a jogar dinheiro fora. Haja paciência! Alguém vai ter de pagar.
 
antonio vasco s da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
Ferro velho da CP e para chinês fotografar! Não é possível esbanjar tanto dinheiro público no arranjo de uma rotunda. A Guarda não merece isto, que se brinque com dinheiros públicos quando temos tanto onde o aplicar. Assim não dá…
 
antonio vasco s da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
Alguém tem de fazer parar este desperdício. Se este senhor se mantiver à frente dos destinos da Câmara, a Guarda estará mais que falida. Se o PS não tem força suficiente para conseguir travar este gasto sem controlo, tendo em conta as verdadeiras necessidades desta cidade, precisamos de fazer levantar uma voz de repúdio. E fazer avançar uma candidatura à Câmara que defenda os interesses deste povo. Eu não posso aceitar que se goze na cara dos guardenses.
 

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