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Médicos da Guarda «preocupados» com maternidade do Sousa Martins

«Situação difícil» na de Castelo Branco pode levar a concentração de recursos na Covilhã, diz Henrique Fernandes

Os médicos do hospital da Guarda que em Setembro enviaram um abaixo-assinado ao primeiro-ministro, a reclamar uma tomada de posição sobre as maternidades da Beira Interior, receiam que esteja na calha o encerramento da de Castelo Branco, levando a uma concentração de recursos na Covilhã.«Se a de Castelo Branco fechar, a da Guarda estará em causa», refere Henrique Fernandes, que foi o primeiro subscritor daquele documento com mais de 50 assinaturas – que ainda não obteve resposta.

O médico do Sousa Martins afirma que a maternidade do Amato Lusitano «está a funcionar em situação muito difícil, com a qualidade do serviço em causa», o que poderá fazer com que o Governo opte por concentrar na Covilhã os partos do distrito de Castelo Branco. «Com esta concentração, o número de partos aumentará na Covilhã, o que poderá fazer com que fique só uma maternidade», antevê Henrique Fernandes.

Estando o Centro Hospitalar da Cova da Beira em vantagem a nível geográfico no contexto da região, por estar entre as duas capitais de distrito, «se houver só uma, será a da Covilhã porque está a pouco mais de 40 quilómetros da Guarda», constata. O número de partos por ano na Beira Interior não chega, de resto, ao registo de outras que já encerraram no país.

Referindo que foi «há muito» que o primeiro-ministro garantiu que a da Guarda se manteria, o médico defende que «o poder político tem de se pronunciar e tomar uma decisão definitiva». «Estamos muito preocupados com as maternidades da região», diz Henrique Fernandes, recordando que «nenhuma das três cumpre os requisitos», o que se reflecte em várias carências que colocam em causa a qualidade dos serviços, nomeadamente «quanto à sobrecarga de trabalho para muitos» profissionais de saúde. Além disso, há falhas «ao nível de anestesistas e de profissionais em presença», acrescenta Henrique Fernandes, referindo-se aos casos de Castelo Branco e Covilhã.

O profissional de saúde considera que a administração da Unidade Local de Saúde da Guarda tem sido negligente neste processo: «Dada a absoluta inépcia do conselho de administração para lidar com esta questão, com o poder central, os médicos vão fazer de tudo nos próximos meses para sensibilizar as população para esta questão», adianta. Referindo que «vão estar atentos» e colocar o assunto na agenda da comunicação social regional, Henrique Fernandes diz que vão chamar a esta discussão «os políticos responsáveis da Guarda», deixando de lado «os responsáveis políticos». «E vamos também abordar a questão das obras no hospital», acrescenta, para depois fazer alusão à segunda fase das obras: «Um avião não consegue voar só com uma asa», compara.

O presidente do conselho de administração da ULS da Guarda desvaloriza esta questão, sustentando que «é um assunto que está encerrado», o que significa que «a maternidade do hospital da Guarda não está em risco». Para Fernando Girão, tudo «não passa de especulação», até porque, lembrou, «a ministra da Saúde esteve há cerca de um mês em Seia e garantiu [à comunicação social] que a maternidade não está em risco».

Mais de 50 médicos já enviaram um abaixo-assinado ao primeiro-ministro

Comentários dos nossos leitores
Ana somatgil@hotmail.com
Comentário:
Afinal para que serve ser capital de distrito? Guarda e Castelo tem que se mexer … atraiam novos profissionais qualificados para as instituições e unam-se para o bem de todos. Tenho respeito pela Covilhã mas quero que os meus filhos, tal com eu, nasçam na Guarda!
 
Multride cocteau48@gmail.com
Comentário:
Claro que as duas capitais de distrito têm que puxar dos galões. Mas os políticos também têm de se deixar de medos e vergonhas e agarrar no dossier.
 

Médicos da Guarda «preocupados» com
        maternidade do Sousa Martins

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