Em todas as culturas e desde épocas pré-históricas, o Homem tem sempre aproveitado aquilo que o meio ambiente lhe oferece para tentar resistir às doenças. Preparados feitos a partir de plantas ou animais, e inclusivamente, de materiais como pedras ou terra, acabaram por constituir poções e unguentos com o fim de nos afastar da dor e da morte. Estas práticas, muitas vezes em estreita associação com as religiões, deram origem à medicina: essa ciência imprescindível que se dedica à arte de curar.
Remontando ao início da civilização ocidental, na época dos gregos e romanos, aparecem duas personagens célebres: Hipócrates de Cós (séc. V a.C. – séc. IV a.C) e Galeno de Pérgamo (séc. II – séc.III). Ambos são considerados pilares fundamentais para a medicina. Por exemplo, Hipócrates reconheceu nas manifestações clínicas de uma doença, a melhor ferramenta para a sua ótima identificação e tratamento. Deste modo, Galeno produz a sua obra baseado na tradição hipocrática, investigando a fisiologia e a autonomia de animais para a cabal compreensão do corpo humano.
Hoje em dia a doença é entendida como um estado anormal do nosso organismo, com diferentes causas. A complexa tarefa dos médicos implica, em primeiro lugar, interpretar os sinais e sintomas do paciente para assim realizar um diagnóstico. Em seguida, se existe ou se está ao seu alcance, aplicar uma terapia. Também devemos recordar que a medicina procura prevenir as doenças antes de surgirem. As vacinas são o melhor exemplo de estratégia preventiva sobre a nossa saúde.
Prevenir, diagnosticar e curar, três ações vitais para garantir a nossa sobrevivência.
Farmacologia
A necessidade de resistir à doença no nosso corpo levou o Homem a comprovar os efeitos benéficos das substâncias naturais que o rodeavam. Assim, reconheceu que a casca do salgueiro aliviava a dor, ou que a casca do quinino ajudava no tratamento da malária. Pouco a pouco e graças ao avanço da medicina, mas também da química, da física e da biologia, o ser humano foi capaz de isolar os compostos ou substâncias que continham o princípio ativo para assim os administrarem em doses maiores. Continuando com os exemplos, pôde determinar-se que o ácido acetilsalicílico era a substância benéfica do salgueiro, sendo a quinina a do quinino.
Os fármacos são as substâncias isoladas e/ou produzidas pelo Homem com o objetivo de prevenir uma doença, diagnosticá-la ou tentar curá-la. E, deste modo, a farmacologia é a ciência que estuda a obtenção e caracterização deste compostos, as vias de administração num organismo, a sua biodestribuição e a sua excreção, assim como a quantificação dos efeitos que produzem sobre o indivíduo intervencionado.
Como bases lógicas para atacar a doença, o ser humano procura inicialmente compreender a sua natureza, entendendo a sua causa e o seu posterior desenvolvimento, para em seguida criar estratégias de prevenção, diagnóstico e terapia. É aqui que a farmacologia introduz os seus conhecimentos, oferecendo substâncias que o nosso corpo não produz, para nos ajudar a substituir do melhor modo possível.
Desenvolvimentos de fármacos
O desenvolvimento de fármacos compreende múltiplos aspetos onde intervêm cientistas de diferentes especialidades, e implica também vários anos de ensaios até que um médico possa receitá-lo. Em primeiro lugar, é preciso compreender a natureza e as manifestações da doença, entendendo os seus componentes ambientais, e verificando se se encontram envolvidas outras entidades tais como os micróbios. Conhecido o fenótipo (caraterísticas observáveis de um organismo) anormal que se deseja corrigir, é vital estudar como é possível a sua correção, e para isso é necessário administrar substâncias não produzidas pelo indivíduo. É aqui que surgem os fármacos, esses compostos naturais e artificiais que colaboram na normalização dos processos metabólicos, que ajudam a reparar orgãos, que nos aliviam da dor, aumentam as nossas defesas ou matam micróbios que nos invadem.
Futuro
Onde obtê-lo ou como produzi-lo; como administrá-lo; que benefícios produz; quais os efeitos negativos; quanto tempo duram os benefícios; são perguntas a que é necessário responder e que giram as etapas experimentais no desenvolvimento dos fármacos.
Por: António Costa