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Maternidade… Maternidade…

É a palavra mais proferida nos dias de hoje! (…) Muito se fala, muito se especula! E no final a grande interrogação: o que vai acontecer!? Quem diz a verdade!?

(…) Senhores políticos, realmente isto mais parece uma brincadeira, cada um puxando a corda para o seu lado à espera que o outro caia. Por amor de Deus! Esta situação é bem mais séria, necessita de união, de juntar esforços, de todo um trabalho em conjunto para a consecução de um único objectivo: a permanência das maternidades em Castelo Branco, Covilhã, e Guarda. São três concelhos distintos, com realidades sócio-demográficas diferentes, mas todos à beira de um processo cumulativo de desequilíbrio.

Se bem se lembra, senhor primeiro-ministro, como covilhanense que se diz ser, a Covilhã já passou por muitas crises, com consequências tão nefastas que ainda hoje se fazem sentir as suas repercussões.

Em Portugal, para além de existir uma assimetria regional do desenvolvimento sócio-económico, há uma assimetria do envelhecimento demográfico que varia em função do eixo Norte/Sul e do eixo Litoral/Interior. Significa que existem mais jovens a Norte que a Sul e que no Interior a percentagem de idosos – com 65 e mais anos – é superior à do Litoral.

Não podemos deixar de fazer a distinção entre envelhecimento e envelhecimento demográfico. O envelhecimento que se inicia no momento da concepção é um processo normal, progressivo, irreversível e individual resultante da interacção de vários factores, entre eles os biológicos, psicológicos, sociais (…).

Envelhecimento demográfico traduz-se por um crescimento progressivo da população idosa (65 e mais anos), com tendência a aumentar durante o século XXI. Em Portugal, de acordo com os Censos de 1991 e de 2001, a população residente com 65 e mais anos era de 1.373.909 e 1.702.120, respectivamente. Constata-se que o número de idosos tem vindo a crescer significativamente.

No caso concreto de Castelo Branco, Covilhã e Guarda, este crescimento é notório quer pelo estreitamento da base da pirâmide etária, com diminuição da população jovem (0/14 anos), quer pelo alargamento do seu topo, com aumento da população idosa (65 e mais anos). Associado ao envelhecimento demográfico existe um aumento do Índice de Longevidade com consequências a vários níveis: económico, social, ético e sanitário.

É claro que, com o encerramento de maternidades, se abre o caminho a um processo de desertificação da população destas regiões, já pouco povoadas em virtude de condicionalismos geográficos, económicos, sociais, culturais, políticos… Estão criadas condições para as migrações dos jovens, da população activa, com consequente aumento da população idosa e da mortalidade. Já nas regiões receptoras irá certamente existir um aumento da densidade populacional e uma maior pressão dos recursos existentes. Uma das causas do envelhecimento demográfico é a baixa natalidade.

Como covilhanense, espero sinceramente que V. Exa. não contribua para mais uma situação de desequilíbrio (…) com a ausência de natalidade nestas cidades. Não queira contribuir para uma desertificação da população destas regiões. Tenha um pensamento ecologista e uma atitude ambientalista!

Rosário Martins (Covilhã), professora na Escola Superior de Saúde da Guarda do IPG

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