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Maternidade da Guarda escapa

Ministério da Saúde delega decisão na administração do futuro Centro Hospitalar da Beira Interior

A confirmação de que será o primeiro Conselho de Administração (CA) do futuro Centro Hospitalar da Beira Interior, a criar, a decidir que maternidades devem encerrar na região deu «mais alento» ao director clínico do Hospital Sousa Martins. «Afinal, o nosso serviço já não vai fechar, como anunciaram várias notícias nos últimos meses», constatou Luís Ferreira, após conhecer a decisão do ministério. Na terça-feira, Correia de Campos anunciou na comissão parlamentar da Saúde, na Assembleia da República, que tinha assinado nesse dia o despacho que segue todas as recomendações da Comissão Nacional de Saúde Matern o e Neo-Natal.

Isto é, no caso dos hospitais da Guarda, Castelo Branco e Covilhã, considera-se «indispensável e urgente» a concentração das maternidades numa ou duas unidades, mas a decisão deverá resultar «do consenso entre o Conselho de Administração do futuro centro hospitalar com a Administração Regional de Saúde do Centro», sugeriu aquele organismo na semana passada. «A decisão transitou para os hospitais, o que me agrada», refere o médico, admitindo, contudo, que não vai ser fácil chegar a um acordo sobre esta matéria. «Mas vamos tentar, até porque teremos que definir as áreas preferenciais e de referência de cada unidade», esclarece, lembrando que a recente “guerra” de números de partos e de clínicos é sintomático da importância que estes serviços têm nas orgânicas dos hospitais. «A maternidade é um serviço referência do Sousa Martins e o seu encerramento será muito grave», considera Luís Ferreira, prometendo que o CA guardense vai «pugnar» pela sua continuidade. Para o presidente do CA do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB), interessa agora que a região se una para «dar as melhores condições às parturientes e aos recém-nascidos».

No entanto, João Casteleiro garante que «só um cego não vê que o CHCB tem as melhores condições» da Beira Interior em termos de especialidades, equipamentos, instrumentos, profissionais e técnicos no serviço perinatal, pósnatal e prénatal. «Não vale a pena andar a tapar o sol com a peneira, temos que ser realistas. Basta pedir os números à ARS Centro», esclarece, anunciando que, a partir de agora, vai sair em defesa do hospital da Covilhã. Mas se por cá tudo continua na mesma por mais um ano, já há decisões concretas noutros pontos do país. O ministro confirmou o encerramento dos blocos de parto de Barcelos, Santo Tirso, Oliveira de Azeméis e Elvas até 31 de Junho. Até ao final do ano deverão estar concentrados no Hospital Padre Américo os partos do São Gonçalo (Amarante), enquanto os nascimentos da Figueira da Foz serão repartidos pelos Hospitais Universitários de Coimbra, Centro Hospitalar de Coimbra e Hospital de Santo André, em Leiria. O ministério decidiu igualmente manter os blocos de partos de Chaves até à resolução «do problema das acessibilidades» e de Lamego, até à sua integração no futuro Centro Hospitalar de Vila Real, Régua e Lamego.

O mesmo está previsto para Torres Vedras, enquanto não estiver concluído um estudo sobre planeamento hospitalar da Estremadura-Oeste, que abrange as unidades das Caldas da Rainha, Alcobaça, Peniche e Torres Vedras. Em relação aos recursos humanos, Correia de Campos decidiu que em todos os locais onde encerram e se concentram os blocos de parto, se mantêm as valências obstetras, que irão continuar a acompanhar a gravidez e a parturiente, devendo estas equipas integrar-se nos estabelecimentos onde são mantidos os blocos de partos na altura dos nascimentos. O Ministério da Saúde determinou ainda que as Administrações Regionais de Saúde, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e as corporações de bombeiros têm de apresentar até ao final deste ano propostas de melhoria de transporte de parturientes e recém-nascidos, a nível nacional.

Luis Martins

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