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Matança típica do marrano recriada em Almeida

Confraria dos Aromas e Sabores Raianos promoveu IVº Capítulo de Entronização no último sábado

De modo a «homenagear os nossos antepassados», a Confraria dos Aromas e Sabores Raianos recriou no sábado, no Picadeiro D’el Rey, em Almeida, uma matança típica do marrano integrada no seu IVº Capítulo de Entronização. Criada em 2008, a confraria já ultrapassou a centena de membros e pretende continuar a ser um veículo de promoção da gastronomia e do turismo regional à escala nacional.

O mordomo-mor adiantou que este ano se entendeu que a entronização «devia ter mais um caráter cultural e histórico como homenagem aos nossos antepassados com a matança típica do marrano», salientando que «nos tempos dos nossos avós não havia frigoríficos, mas havia as célebres salgadeiras onde guardavam o porco que tinha que durar para todo o ano». João Tolda salientou que, fruto de uma parceria com o Agrupamento de Escolas de Almeida, estiveram presentes algumas crianças que tiveram oportunidade de «ficar a saber que a salsicha não sai da lata, mas sim do porco», ironizou. Também o presidente da Câmara de Almeida se mostrou agradado com o recriar de uma tradição que já não vivia há muitos anos. «Sou de uma família de agricultores, vivi isto intensamente, mas, com a mudança dos tempos, tudo se foi perdendo e há uns anos que não assistia a uma matança», disse.

Batista Ribeiro, que também é juiz da Confraria, realçou esta «oportunidade de recriar o que eram os nossos saberes e tradições», uma vez que o porco «era a base da alimentação nas nossas aldeias, onde não se passava fome e se fazia um aproveitamento de tudo». De resto, «toda a gente fazia a sua matança e esse era um momento de convívio das famílias, era um dia de festa em que se convidavam amigos e vizinhos para conviverem. Isso foi-se perdendo e ainda bem que o recriámos aqui», enalteceu. A Confraria dos Aromas e Sabores Raianos entronizou no sábado 16 novos confrades, contando já mais de 100, dos quais «mais de 50 por cento não reside na região». Trata-se de beirões e raianos «que levam o nome e a gastronomia desta região por esse país fora», considerou o mordomo-mor.

João Tolda destacou também o facto de, «pela primeira vez», terem sido entronizados nove confrades de honra, «pessoas que se distinguiram em várias áreas na região», desde a cultura às artes, ensino ou medicina, entre os quais o antigo reitor da UBI, Santos Silva; Luis Queirós, presidente da Associação Rio Vivo (São Pedro de Rio Seco); o padre Bernardo Terreiro e o antigo presidente da Câmara Tó Sousa. Inédita foi também a atribuição de uma medalha de mérito para o melhor aluno do Agrupamento de Escolas de Almeida, isto «para se tirar aquela imagem de que só cá andamos para comer», disse João Tolda.

Ricardo Cordeiro Recriação serviu para mostrar às crianças que «a salsicha não sai da lata, mas do porco»

Matança típica do marrano recriada em
        Almeida

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