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Mário Soares celebra 90 anos

Mário Soares faz hoje 90 anos. Mário Alberto Nobre Lopes Soares, nasceu em Lisboa, a 7 de dezembro de 1924, filho de João Lopes Soares, professor, pedagogo e político da Iª República, tendo sido governador civil da Guarda, e de Elisa Nobre Soares.

Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1951, e em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1957.

Foi professor do ensino secundário (particular) e diretor do Colégio Moderno, fundado pelo seu pai. Exerceu a advocacia durante muitos anos e, quando do seu exílio em França, foi “Chargé de Cours” nas Universidades de Vincennes (Paris VIII) e da Sorbonne (Paris IV), tendo sido igualmente professor associado na Faculdade de Letras da Universidade da Alta Bretanha (Rennes), da qual é doutor “Honoris Causa”.

Mas é na política que se tem destacado. Desde os tempos de estudante universitário foi um ativo resistente à ditadura. Como advogado defensor de presos políticos participou em numerosos julgamentos, realizados em condições dramáticas, no Tribunal Plenário e no Tribunal Militar Especial. Representou a família do General Humberto Delgado na investigação do assassinato daquele antigo candidato à Presidência da República, tendo contribuído decisivamente para desvendar as circunstâncias e denunciar as responsabilidades nesse crime cometido pela polícia política de Salazar (PIDE).

Foi membro da Resistência Republicana e Socialista, na década de 50, redator e signatário do Programa para a Democratização da República em 1961, tendo sido candidato a deputado pela Oposição Democrática em 1965 e pela CEUD, em 1969. Em resultado da sua atividade política contra a ditadura foi 12 vezes preso pela PIDE (cumprindo um total de quase 3 anos de cadeia), deportado sem julgamento para a ilha de S. Tomé (África) em 1968 e, em 1970, forçado ao exílio em França.

Em 1973, no Congresso realizado em BadMünstereifel, na Alemanha, a Ação Socialista Portuguesa, que fundara em 1964, transformou-se em Partido Socialista, do qual Mário Soares foi eleito secretário-geral e sucessivamente reeleito no cargo ao longo de quase treze anos. No pós-25 de abril, participou nos I, II e III Governos Provisórios, como Ministro dos Negócios Estrangeiros, e no IV, como Ministro sem Pasta, de que se demitiu em protesto pelo chamado “caso ‘República’” e pela crescente tentativa de perversão totalitária da revolução.

Como secretário-geral do PS participou em todas as campanhas eleitorais, tendo sido deputado por Lisboa em todas as legislaturas, até 1986. Em consequência da vitória do PS nas primeiras eleições legislativas de 1976, foi nomeado primeiro-ministro do I Governo Constitucional (1976-77), tendo também presidido ao II (1978). Mais tarde, após nova dissolução da Assembleia da República em 1983, e na sequência das eleições legislativas que voltaram a dar a vitória ao PS, foi nomeado primeiro-ministro do IX Governo Constitucional, com base numa coligação partidária PS/PSD (1983-85). Coube ainda a este Governo ultimar o processo de adesão de Portugal à CEE, conduzir as últimas negociações e assinar o Tratado de Adesão, em junho de 1985.

Apesar do PS ter perdido as eleições de Outubro de 1985, realizadas por força de nova dissolução da Assembleia da República, em consequência do rompimento, pelo PSD, da coligação PS/PSD, Mário Soares candidatou-se às eleições presidenciais de 1986, tendo sido eleito à segunda volta. Foi o primeiro Presidente civil eleito diretamente pelo povo na história portuguesa. Renunciou então aos seus cargos de secretário-geral do PS e de deputado, tendo tomado posse e prestado juramento no dia 9 de março de 1986.

A 13 de janeiro de 1991 foi reeleito Presidente da República, logo à primeira volta, com a maior votação de sempre: 3.460.381 votos (70,40 por cento dos votos validamente expressos), tendo terminado o seu segundo mandato em 9 de março de 1996. Desde então é membro do Conselho de Estado, por inerência, e preside à Fundação que havia sido fundada em 1991 com o seu nome. Em 1999 foi eleito deputado ao Parlamento Europeu, tendo cumprido toda a legislatura (1999-2004). Em 2006 concorreu novamente à Presidência da República, tendo perdido as eleições para Aníbal Cavaco Silva, eleito e atualmente em exercício.

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