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Marialva viajou no tempo por dois dias

Feira Medieval atraiu inúmeros curiosos no último fim-de-semana

Vieram de todo o reino, por ordem de El-Rey D. Afonso Henriques. Cavaleiros, burgueses, nobres e membros do clero vestiram-se a rigor num evento digno da mais pura realeza. Da parte do rei fez-se saber que se iria realizar uma “mui grande feira nos terrenos do Castelo de Marialva, concelho de Mêda, aos dias 30 e 31 de Julho do ano da graça de 2005”. Marialva viveu com fausto e animação o regresso à Idade Média no último fim-de-semana.

Os lavradores puderam sair, apenas por estes dois dias, do feudo e depressa se constituiu na praça do castelo, na tarde de sábado, um exército feudal pronto a defender o reino. «Jurais solenemente que o combate que ides fazer é pela Fé de Cristo e por El-Rey de Portugal?», questionava um bravo espadachim. Seguiu-se um grito enérgico dos cavaleiros presentes, «jurarei lutar por Portugal!» e, de imediato, iniciaram-se os torneios e combates de carácter medieval.

A animação da Feira Medieval, na edição deste ano, esteve a cargo da Companhia de Teatro “O Arco”, de Cantanhede, especialista em animação de rua e reconstituições históricas. Numa ambiência que permitia, desde logo, um regresso ao passado e ao som de gaitas de fole e música de época, a aldeia histórica de Marialva assistiu ao desfilar de cavaleiros que, da imponência dos seus cavalos, vindos da Azambuja, exemplificaram com bravura como se combatia em tempos idos. Antes, mesmo ao início da tarde, celebrou-se a missa em latim. No final da eucaristia tradicional foi possível encontrar João Mourato, presidente da Câmara da Mêda, trajado, também ele, a rigor. Confortável nas suas vestes de alcaide comentou para “O Interior”, que «este conjunto de actividades medievais resultam no sentido de trazer um novo fôlego à economia, à história e à tradição de Marialva e do resto do concelho». O investimento na Feira rondou os 25 mil euros e «saiu na sua totalidade do erário municipal». João Mourato apressou-se a dizer que eram esperadas cerca de sete mil pessoas, à semelhança do que ocorreu em anos anteriores

À chamada do “rei” acudiram um total de 14 artesãos e sete associações do concelho, que ajudaram a recriar um ambiente medieval numa aldeia que respira, por si só, história. Tabernas, produtos tradicionais e artesanato foram fazendo as delícias de quem por ali passou durante o último fim-de-semana. Em simultâneo, não faltaram os tradicionais repastos, servidos à “moda antiga”, enquanto os guerreiros, incansáveis, combatiam entre si para conquistar a mais bela donzela do reino. Para o ano haverá «mais e melhor», afirma, taxativamente, o alcaide João Mourato, que lamentou a fraca adesão da população de Marialva, «que deveria dar o exemplo e trajar a rigor».

“Marialva, Subsídios para o Estudo da Ocupação Territorial” lançado no sábado

Ana Santiago Faria, historiadora e uma apaixonada pela aldeia histórica de Marialva, é a autora do livro “Marialva, Subsídios para o Estudo da Ocupação Territorial”, lançado durante a tarde deste sábado, nas Casas do Côro. «Escrevi sobre a ocupação que os diversos povos foram fazendo ao longo do tempo em Marialva e da evolução de construções e do espaço no local», explica a autora, que fez recentemente a sua tese de mestrado na área do turismo. A obra foi apoiada pelo município de Mêda e pretende dar a conhecer «um pouco mais desta terra encantadora». Por a obra dizer respeito à aldeia histórica, a autora e autarquia optaram por a apresentar ao público no decorrer da festa de animação, que foi a Feira Medieval de Marialva.

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