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Maria Alexandrina Cavaleiro, autora de “Dizeres e Saberes”, recém-publicado na Guarda

EX-PROFESSORA DA ESAA

Como surgiu a ideia da obra “Dizeres e Saberes”?

A ideia da obra surgiu pela necessidade de deixar registadas para os meus netos muitas expressões populares que eles ouviam e sobre as quais manifestavam curiosidade, não só pelo sentido figurado com que são utilizadas, mas sobretudo pelas circunstâncias que lhes deram origem. Depois, conversando sobre o assunto com pessoas amigas, acharam interessante o conhecimento das histórias que estão por trás de cada uma das frases feitas e foi então que alarguei a ideia de um registo que, inicialmente, tinha um cunho familiar para uso caseiro, para um livro que fosse de encontro à curiosidade dos que revelam gosto em conhecer a riqueza da nossa Língua.

Como pode descrever a obra?

O livro contém duas centenas e meia de expressões. De cada uma se regista o sentido com que é usada no quotidiano comunicacional. Depois, num breve apontamento, procuro explicar os factos que estiveram na sua origem: o quando, o onde, o como, o porquê…enfim aquilo que elas escondem e que as habita.

Que tipo de trabalho pressupõe uma obra deste tipo?

Foram necessários muitos meses de trabalho. Comecei por anotar expressões conhecidas e outras que ia ouvindo, usadas de forma espontânea. Depois, iniciei uma aturada pesquisa para recolha de informações sobre cada uma dessas frases feitas, informações que era preciso confrontar e seleccionar com critérios de confiança e verdade. Seguiu-se o trabalho do registo escrito com a preocupação de ser compreendido por leitores heterogéneos.

Durante quanto tempo pesquisou? Que dificuldades encontrou e como as ultrapassou?

As dificuldades surgiam quando encontrava versões diferentes e tinha de fazer uma opção para escolher a mais lógica e mais confiável. De uma delas– “ficar a ver navios “- apresento as três versões que encontrei, porque as três são sólidas nos factos a que estão associadas.

Houve alguma expressão que a tenha interessado mais na descoberta do seu sentido?

Houve várias expressões cuja origem me interessou muito. Refiro, por exemplo, “regressar a penates” e “ir para os quintos dos infernos”, cuja origem desconhecia.

Algumas expressões populares estão a perder-se?

Muitas expressões estão a perder-se, infelizmente. Contudo vou revelar um facto curioso. Desde que o livro saiu, várias pessoas me têm contactado, dando-me a conhecer outras que ouviam na infância e das quais, só agora, pela motivação que o livro lhes proporcionou, se lembraram. E algumas são bem curiosas…Por exemplo “não ter os alqueires bem medidos”,”fazer cavalo de batalha”, “ ir aos arames”, “correr a coxia”…

Que tipo de vida faz como aposentada? Que ocupações tem?

A aposentação não me deixa tempo livre, porque o ocupo a fazer o que me dá prazer, desde artes decorativas, leituras, escrita, apoio escolar, viagens… além dos “Encontros com a Poesia” que oriento na Academia Sénior.

Tem interagido com a Escola Sec. Afonso de Albuquerque ou perdeu o contacto?

A interacção com a Escola não é institucional, mas pontual e personalizada nos contactos com algumas colegas desde que me aposentei em 1996.

Anda a preparar alguma outra edição? Escreve alguma ficção ou poesia?

Continuarei com esta recolha. E tenho outro projecto de escrita em mãos.

Deixe uma mensagem aos jovens de 2011 da nossa Escola.

Para os jovens que me lerem deixo, para reflexão, estas palavras de Almeida Garrett: “Jamais conhecerá bem as coisas o que não conhecer bem as palavras”.

Maria Alexandrina Cavaleiro, autora de
        “Dizeres e Saberes”, recém-publicado na Guarda

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