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“Mãos abertas” para ajudar quem mais precisa

Fundação D. Laura dos Santos tem projeto único na região Centro. Em seis anos já foram ajudadas quatro centenas de crianças e mães em dificuldades.

É na pacata aldeia de Moimenta da Serra (Gouveia) que muitas crianças abandonadas encontram a tranquilidade e o apoio para enfrentarem a vida, e que muitas mães recuperam a confiança que lhes permite regressar ao mundo lá fora. O projeto “Mãos Abertas”, inaugurado em 2007, representa o maior investimento da Fundação D. Laura dos Santos – cerca de 1,5 milhões de euros – e constitui uma bivalência única em toda a região Centro ao aliar o Centro de Acolhimento Temporário (CAT) para crianças em situação de risco à Comunidade de Inserção (CI) para mães oriundas de meios sociais ou familiares disfuncionais.

«Era um grande desafio para a instituição aliar as duas vertentes e promover uma articulação para o encaminhamento das crianças e das mães», explica Rui Reis, presidente da Fundação. O projeto acolhe atualmente 20 crianças e 12 mães, algumas acompanhadas dos filhos, que preenchem a capacidade.

As crianças chegam ao CAT de Moimenta da Serra depois de serem sinalizadas pela Segurança Social, através da Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens, e provêm de quadros de abandono, negligência familiar ou situação económica escassa. O projeto recebe jovens até aos 12 anos, mas neste momento «a grande maioria das crianças é de tenra idade», adianta Rui Reis, revelando que «chegamos a receber crianças com apenas alguns dias de vida».

O destino destas crianças passa, na sua maioria, pela adoção. «Os meninos só saem se forem restituídos às famílias, ou se forem adotados», refere o presidente da FLS, tendo esta última realidade vindo a «crescer ao longo dos anos». Com 7 anos, Solange é atualmente uma das crianças mais velhas. «Gosto muito de estar aqui», diz, destacando o facto de poder «brincar com outras crianças e praticar desporto», tendo-se já iniciado no futebol. Além disso «há bom ambiente para estudar e somos muito apoiados», sublinha. Já as mães que chegam ao CI são integradas no lar de idosos da instituição e ajudam no trabalho, como parte de um plano de desenvolvimento de competências profissionais. Por outro lado, seguem um plano de tarefas de gestão doméstica e frequentam cursos de formação, educação social, grupos de autoajuda e ateliers lúdicos, com o objetivo de recuperar psicologicamente e preparar uma posterior integração no mercado de trabalho.

O tempo de permanência é de 18 meses, prorrogáveis por mais seis, mas Rui Reis reconhece que esse tempo «nem sempre é suficiente para definir um projeto de vida». Para uma mãe, que pediu anonimato, a ajuda deste projeto «é tudo» neste momento. «Quando vim para aqui não tinha onde ficar e estar aqui com os meus filhos é uma forma de me reorganizar», afirma esta mãe de 36 anos, na instituição há nove meses. Outra mãe, de 20 anos, afirma que este projeto lhe ensinou «o que é a maternidade», ajudando-a também a «encontrar uma ocupação e um rumo» para a sua vida. O “Mãos Abertas” vai no seu sexto ano e já ajudou «cerca de quatro centenas de crianças e mães», estima Rui Reis.

Fábio Gomes Projeto “Mãos Abertas” tem atualmente lotação esgotada, acolhendo 20 crianças e 12 mães

“Mãos abertas” para ajudar quem mais precisa

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