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Manuela a filha bastarda de Gepetto

Manuela Ferreira Leite irrita pela sua posse de superioridade moral, armada em “senhora da verdade”, verborreia discursos e age como se todos os outros, senhores e senhoras como nós, fossem uma cambada de mentirosos.

Sem ideias e com um currículo de duvidoso mérito, não se tendo distinguido particularmente em nenhuma das funções de governação que exerceu, a começar pelas finanças públicas no governo de Durão Barroso. Apresenta-se agora ao país como o líder salvador da pátria, nada propondo, a não ser parar o país e vender a saldo a política de verdade.

Mas já a minha mãe me dizia, que quem sente sempre a necessidade de exibir um discurso de verdade é muitas vezes quem mais mente.

Não será esta suposta verdade apenas para encobrir a imensa mentira que é a própria Manuela Ferreira Leite? No passado ela mentiu-nos, pois como ministra das Finanças, iludia o cumprimento do défice, aldrabava no negócio da venda das dívidas ao fisco, vendia património ao desbarato e aprovou a compra de dois submarinos, para o estouvado do Portas brincar e por pouco não vendia a rede fixa a preço de saldo, com graves prejuízos para o erário público. E no presente, a inclusão de António Preto, prenunciado na justiça por falsificação e fraude fiscal, nas listas de deputados, é também um bom exemplo da verdade e da responsabilidade política praticada pela líder do PSD.

Também António Oliveira Salazar, quando presidente do Concelho, a 21 de Outubro de 1942 disse: “Politica de verdade, politica de sacrifício, politica nacional, é o que se há feito …”, frase que nos leva a recordar recentes afirmações de Manuela Ferreira Leite que defendeu férias para a democracia em Portugal para bem da retoma financeira do país. Como é possível esta senhora ser tida como alternativa a primeiro-ministro, só espero que o povo não se deixe enganar no momento de votar.

Quanto ao seu programa, Manuela Ferreira Leite deveria ser mais clara, pois não basta dizer que em nome da verdade, não se pode fazer promessas irrealistas. Tem obrigação de dizer aos eleitores quais são as suas prioridades e, sobre estas o quer e o que se propõe fazer. Pois não basta dizer “votem em mim, porque sim” pois sou uma pessoa séria e verdadeira.

Na verdade, na nossa verdade claro e não na de Manuela Ferreira Leite, depois de tão inflamados discursos contra as obras públicas de Sócrates, o que é que ela nos diz sobre o TGV e o Aeroporto? Quanto ao primeiro “Procederemos a uma reanálise do projecto” e quanto ao segundo “Reanalisaremos os calendários e os custos de construção do novo aeroporto de Lisboa”, afirmações que nos levam a crer poder vir a fazer a prazo, caso ganhe as eleições, precisamente o contrário do que tanto defende. Como diz o ditado popular: “com a verdade me enganas”. A meu ver, Manuela Ferreira Leite quer apenas suspender, reanalisar, ponderar, avaliar, ou seja, estudos e mais estudos e mais comissões para analisar os resultados dos estudos. Não em função de estratégias de desenvolvimento para o país, mas sim em função das disponibilidades financeiras, E à primeira pressão das grandes empresas de construção civil, clientes das obras públicas, os estudos param, e também com ela o investimento estatal pula e avança e a obra nasce.

Também bom exemplo de postura de verdade é a sua história com os professores, pois recordo que antes de ser eleita presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite declarou-se a favor do processo de avaliação defendido pelo actual governo. Mas as necessidades eleitorais levaram-na a alterar a sua posição. Pois agora, como candidata a primeiro-ministro, resolveu que não é a favor, nem contra, é sim pela suspensão do processo.

Suspenda-se o país, “suspenda-se a democracia” como ela chegou mesmo a afirmar.

Manuela Ferreira Leite tenta servir-se da ideia de verdade, porque ela lhe é útil, mas tanto no passado como no futuro, ela recorrerá com retórica à falsidade sempre que esta lhe seja também vantajosa. Vazia nas ideias e nas propostas para o país, é entre palavras e acções de campanha que assenta todo o seu jogo. Mas o jogo, esse, não resulta sempre.

Por: Joaquim Nércio

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