Arquivo

Manuel Meirinho apresentou-se na Guarda

Cabeça-de-lista do PSD considera que deputados do interior deveriam unir-se para dar mais visibilidade aos problemas do subdesenvolvimento e da desertificação

O cabeça-de-lista do PSD pelo círculo da Guarda assumiu um discurso cauteloso e sem grandes compromissos na sua primeira aparição na cidade. Anteontem, Manuel Meirinho conheceu os restantes elementos da lista e falou aos jornalistas, a quem disse que nesta campanha não fará promessas fáceis. «O país viveu demasiado no facilitismo de promessas que depois ninguém pôde cumprir», avisou.

Natural do Soito (Sabugal), Manuel Meirinho é professor de Ciência Política no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade Técnica de Lisboa. Convidado por Passos Coelho, o politólogo, que concorre como independente, garantiu que não podia recusar porque tem estudado e defendido «a abertura dos partidos aos cidadãos». Além disso, nesta altura «todos somos chamados a contribuir para ultrapassar este momento que é o mais negro da nossa história democrática», considerou. O candidato cresceu na vila raiana – ainda não perdeu o sotaque –, estudou no seminário do Fundão e na escola do Sabugal, antes de rumar à capital. «Esta decisão é também um desafio pessoal, de regresso às raízes», acrescentou, anunciando que não vem «com ideias feitas» sobre os problemas do distrito e que vai precisar de ouvir «muita gente» para tomar posição. Promete uma campanha «sóbria», em que o trabalho será feito pelos candidatos no contacto direto com as pessoas.

Na sua opinião, estas eleições são «para ganhar», pois o país «precisa de uma mudança». É por isso que se coloca ao lado do PSD relativamente às portagens: «O estado do país a isso obriga, uma vez que que não tem recursos. Contudo, as forças locais devem reclamar uma discriminação positiva, propondo alternativas ao pagamento, até porque as SCUT foram construídas segundo uma lógica de coesão nacional e para fomentar o desenvolvimento destas regiões», recordou. Manuel Meirinho sublinhou depois que este e outros temas, como a ruralidade, o subdesenvolvimento, a taxa de IVA e a desertificação, têm que ser encarados a nível nacional de forma a serem solucionados. «A ideia micro não tem força para resolver nada. Estes não são problemas só nossos, existem desde Faro até Bragança, pelo que os deputados destas regiões têm que defender esta zona de fronteira», desafiou.

O candidato disse ainda que a abstenção é uma forma de protesto «natural, que cresce em período de crise», mas considerou que até é «saudável e deve ser estimulada para espicaçar os políticos». Contudo, apelou aos eleitores para não se demitirem da vida pública e não contribuírem para «uma democracia pobre». Mais cáustico, Álvaro Amaro insistiu na expressão «gente de cá» em contraponto com a opção do PS: «Escolher Paulo Campos, que é de Coimbra, é faltar ao respeito aos eleitores do distrito. Por este andar, daqui a 10 anos os socialistas apresentarão um cabeça-de-lista da Guarda», ironizou, dizendo esperar que a população saiba valorizar esta diferença. «Ao menos que Paulo Campos venha pedir desculpa por não ter feito os IC’s que prometeu para a Serra da Estrela e outras estradas no distrito nas últimas legislativas e autárquicas», declarou.

O líder da distrital disse também que o objetivo desta campanha é infligir uma «pesada derrota» ao PS e a José Sócrates. «Quem trouxe o país e o distrito para a situação que nos envergonha deve ser castigado nas urnas», sublinhou.

«Na política não há despromoções»

O líder da distrital desvalorizou o facto de João Prata ter passado a ser o número quatro da lista, lugar que o afasta definitivamente do regresso ao Parlamento. «Na política não há despromoções», disse, revelando ter elogiado o presidente da Junta de São Miguel da Guarda no último Conselho Nacional. «Acho que nasceu social-democrata e tem um grande espírito de trabalho, humildade e dedicação», repetiu, anunciando que o também vice-presidente da distrital já se tinha disponibilizado para ser diretor de campanha antes de saber em que lugar ia na lista – António Edmundo será o mandatário. Por sua vez, João Prata afirmou que é «um militante da causa pública» e que vai «servir e auxiliar quem está mais bem colocado para ajudar o distrito». Além de Manuel Meirinho, a lista social-democrata é formada por Carlos Peixoto, Ângela Guerra, João Prata, Filipe Rebelo (JSD), Maria José Guedes, Fernando Lopes e Orminda Sucena (TSD). Tudo indica que Passos Coelho venha à Guarda a 28 de maio, na primeira semana da campanha eleitoral.

Luis Martins Candidato foi cumprimentado pelo presidente da Câmara do Sabugal

Manuel Meirinho apresentou-se na Guarda

Sobre o autor

Leave a Reply