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Manuel António Pina galardoado com Prémio de Poesia Luís Miguel Nava 2003

Júri quis destacar autor «discreto», mas cuja obra «merece ser posta em relevo»

Manuel António Pina foi galardoado, na semana passada, com o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava 2003 pela sua obra “Os Livros”. Editado pela Assírio & Alvim, aquele trabalho foi eleito por unanimidade para receber os 5.000 euros do galardão devido à sua «grande exigência de escrita» e ao «rigor expressivo muito acentuado» que a caracteriza, sublinhou o júri.

Ainda de acordo com a decisão final, divulgada na última quarta-feira, «a atribuição pretende também distinguir um autor discreto mas cuja obra merece ser destacada, posta em relevo», uma vez que o trabalho do poeta natural do Sabugal, mas a residir no Porto, é «muito significativo». Manuel António Pina nasceu na agora cidade raiana em 1943, licenciou-se em Direito em Coimbra, foi jornalista do “Jornal de Notícias” e colaborou em diversos outros órgãos de comunicação social, dedicando-se actualmente apenas à literatura. Com vasta obra no domínio da poesia e da literatura infanto-juvenil já traduzida no estrangeiro, ganhou o Prémio Calouste Gulbenkian para o Melhor Livro Publicado em Portugal em 1986/1987 com “O Inventão” e o Prémio Nacional de Crónica Press Club/Clube de Jornalistas por “O Anacronista” (compilação de crónicas, 1994). Escreveu volumes de poesia como “Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo Calma é Apenas um Pouco Tarde” (1974), “Aquele que Quer Morrer” (1978), “Um Sítio onde Pousar a Cabeça” (1991) e “Cuidados Intensivos” (1994). Para os mais novos criou “História com Reis, Rainhas, Bobos e Galinhas” (1984), “A Guerra do Tabuleiro de Xadrez” (1985), “Os Piratas” (1986) e “O Livro de Desmatemática” (1997), entre outros títulos.

Em declarações à agência Lusa, o autor disse sentir-se «feliz» por receber um prémio que carrega o nome daquele poeta. Apresentando Luís Miguel Nava como «um dos mais fortes relâmpagos que atravessou a poesia do século passado», Manuel António Pina acrescentou ainda estar satisfeito por ser distinguido por um júri composto por Gastão Cruz, Carlos Mendes de Sousa, Fernando Pinto do Amaral, Paulo Teixeira e Margarida Braga Neves. O poeta afirmou ter sido apanhado de surpresa pela atribuição do galardão, que não implica a colocação das obras a concurso mas a sua selecção – feita pelos jurados – de entre todos os volumes de poesia publicados em 2003. Instituído em 1997 pela Fundação Luís Miguel Nava, o prémio distinguiu nesse ano “O Búzio de Cós”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, a que se seguiram Fernando Echevarria, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Manuel Gusmão e Fernando Guimarães.

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